Benedikt Taschen, um alemão de 44 anos, cabeça raspada, irônico até o último fio de cabelo, é milionário a ponto de morar numa mansão em Colônia e ostentar uma das mais respeitadas coleções européias de arte contemporânea. Paradoxalmente, abomina gastar dinheiro com automóveis (dirige um Mercedes surrado) e tem uma relação distante com roupas. Gosta mesmo é de sua camisa amarela da Seleção Brasileira. ?Adoro o futebol do Brasil?, disse à DINHEIRO. Benedikt é uma dessas figuras que misturam ricas histórias pessoais com espertas sacadas comerciais, gosto pelo belo e prazer pelo bizarro. Um pouco, a rigor, como sua grande invenção, de 25 anos recém-completados. É a Editora Taschen. Faça o teste: 9 entre 10 dos livros mais bonitos e surpreendentes de qualquer livraria levam o selo alemão. Eles têm sexo, têm poesia, telas de Picasso e cenas dos filmes de Stanley Kubrick, artigos do malucão Hunter Thompson e fotos feitas com máquinas Polaroid, o interior das casas suecas e o exterior das obras de Frank Lloyd Wright. São livros que podem exibir porcelanas da dinastia Ming mas também brinquedos de latão da antiga Alemanha Oriental. A regra, se é que ela existe, é única: os volumes devem ser atraentes. De resto, vale tudo. ?Quem gosta de ver livros certamente os lerá em seguida?, diz Taschen. Induzido a comentar o tom sempre provocativo do catálogo, ele crava: ?Não creio que seja assim, a não ser que entendamos a expressão provocativa como algo que provoca extremo prazer?.

A Taschen publica em mais de 20 idiomas. Já possui livrarias próprias, com desenho do indefectível Philip Starck, em Paris e Los Angeles. É uma história de sucesso que nasceu da paixão de Benedikt por histórias em quadrinhos, assunto no qual ele mergulhou depois do suicídio do irmão, de 22 anos. Ele tinha apenas 8. O amor pela leitura o levou às coleções e, mais tarde, ao comércio de revistas. Em 1984, com dinheiro emprestado pela família, ele pôs nas prateleiras um cartapácio com as telas de Magritte. Foram vendidos mais de 40 mil exemplares. Nesta trilha colorida, a Taschen virou sinônimo de edição elegante. Podem ser os pequenos livros da série Icons, vendidos a 6,99 euros, ou o livrão de 34 quilos dedicado ao pugilista Muhammad Ali, o GOAT, negociado a mais de 10 mil euros. Chamá-los de livros, muitas vezes, é muito pouco. Um título gigante, Sumo, com as fotos de Helmut Newton, vinha com uma mesa para apoiá-lo no canto da sala. Em um leilão de caridade realizado em 2001, o volume número 1 foi vendido por US$ 300 mil. ?Nosso segredo é publicar livros a respeito dos mais variados assuntos, sem preconceito?, resume Taschen. É um trabalho de minúcias, em 2005, semelhante às firulas daqueles que, logo depois de Gutemberg, produziam edições com iluminuras. Um único tema, frisa Benedikt, não entra no prelo da Taschen. Pode soar como mera idiossincrasia, e deve ser, realmente, mas não há ali obras com receitas de comida.