Um é tímido e o outro, extrovertido. Um vive aparecendo nos tablóides à revelia e o outro faz de tudo para aparecer. Um é estudante exemplar e o outro é um aluno medíocre. O príncipe William, de 21 anos, é visto como a síntese do bom moço: rico, nobre, inteligente e tem uma boa aparência. Na linhagem da casa de Windsor, é herdeiro do trono da Inglaterra depois do príncipe Charles. O irmão, Harry, de 19 anos, é o avesso. Seu nome já esteve envolvido em inúmeros escândalos. Em 2002, o ruivinho Harry assumiu ao pai que teria fumado maconha e consumido bebidas alcoólicas no campus do tradicional Eton College, a escola onde se formam os lordes britânicos. Como lição, o rebelde foi obrigado a visitar uma clínica de reabilitação para drogados e alcoólatras. Há quem diga que as atitudes do garoto da pá virada são, na verdade, reflexos de viver à sombra do irmão. Mas há uma pergunta que não sai da cabeça dos súditos de Sua Majestade Elizabeth II: aonde vai a Inglaterra?

 

É uma indagação que tem se tornado cada vez mais freqüente. Isso porque o apoio público à família real britânica atingiu o pior nível em 15 anos. Dados de uma pesquisa publicada no jornal The Guardian mostram que apenas 43% da população aprova a monarquia. Os motivos da rejeição pública são as recentes acusações de Paul Burrel, o ex-mordomo da princesa Diana, de que o príncipe Charles teria relações homossexuais com um de seus funcionários. Além disso, Burrel acusou a família real de encobrir casos de abusos sexuais causados por assessores de Charles. Todas as histórias foram negadas, mas a mancha persiste. Alimentar fofocas a respeito da turma de sangue azul é um dos esportes prediletos dos ingleses. Não é a primeira vez que a população mostra o seu descontentamento em relação a Charles. Depois da morte de Diana, em 1997, e do caso com Camila Parker Bowles ser exposto ao público, a plebe chegou a pedir a abdicação em favor de William.

 

Pode soar como mera provocação ? mas é questão crucial para a sobrevivência da ?Firma?, como funcionários do alto escalão inglês chamam, pejorativamente, a monarquia britânica. Apesar da casa real não definir os rumos do país, ela tem um poder avassalador. Primeiro porque trata-se de uma instituição respeitada pelos súditos e, segundo, porque tem milhões de dólares em caixa. A fortuna da rainha Elizabeth II é estimada em US$ 420 milhões divididos em obras de arte, ações, cavalos e propriedades. A preferência por William, também o mais adorado pela avó, tem motivos bem nítidos. Como Diana, o jovem príncipe se mistura com a plebe sem o menor constrangimento. Participa de ações humanitárias para ajudar os desabrigados, entra em um restaurante do McDonald?s como os jovens de sua idade (com agentes de segurança escondidos, é verdade) e odeia ser chamado de Sua Alteza. Harry tenta mudar sua imagem de boêmio. No início do ano, ele anunciou que passará dois meses na África trabalhando em projetos de assistência a mães jovens e crianças pobres. É uma tentativa de sair da margem do irmão para um dia, quem sabe, poder comandar a ?Firma?. Duro é acreditar naquela cara de sapeca.