i94823.jpg

 

 

NO ANO PASSADO, QUANdo a Toshiba jogou a toalha na disputa pelo formato que dominaria a nova geração de DVD, a Sony saiu como a grande vencedora. Sua tecnologia, batizada de Bluray, foi desenvolvida por um consórcio liderado e apoiado por grandes estúdios, como Warner, MGM, Fox e Columbia Pictures. Nem deu tempo de comemorar a vitória. Agora a gigante japonesa da eletrônica tem outra batalha pela frente. Desta vez, a ameaça vem de um hábito dos próprios consumidores: a febre de download de filmes, gratuitamente ou não. Além disso, o Bluray, assim como os DVDs tradicionais, utiliza o velho disquinho, uma mídia que cai em desuso aceleradamente. Resultado: as vendas de Blu-ray não decolaram em nenhuma região do planeta, revela relatório elaborado pelo Instituto Gartner. Nos Estados Unidos, uma pesquisa recente da ABI Research aponta que os consumidores não encontram motivos para justificar os custos da troca por um equipamento de alta definição. Outro estudo, feito pela Harris Interactive, mostra que menos de 10% dos entrevistados têm um aparelho de Blu-ray. E do restante apenas 9% pretendem comprá-lo. No Brasil, não há ainda estatísticas semelhantes. “Mas é bem provável que a internet se torne o método básico de distribuição de filmes, assim como aconteceu no caso das músicas”, comenta Rafael Lamardo, professor do MBA Executivo da ESPM.

i94824.jpg

“As vendas das televisões de alta definição vão crescer e, por tabela, os vídeos em Blu-ray também.” Jorge Magalhães, diretor-geral da Sony DADC Brasil

 

Não há dúvida quanto à qualidade dos filmes em Blu-ray, se comparada à daqueles baixados pela internet. Apesar de visualmente semelhante a um DVD tradicional, o novo formato pode guardar até 50 gigabytes, seis vezes mais que aparelhos da geração anterior. Aliado a isso, possui características técnicas de gravação e leitura que resultam em uma qualidade capaz de exibir detalhes e cores de alta definição. Para se ter ideia, o novo padrão trabalha com 1.080 linhas horizontais – quanto mais linhas, mais nítida é a imagem. O DVD convencional tem metade disso. “É realmente impossível baixar um filme pela internet com a qualidade de resolução de imagem de um Blu-ray”, afirma Lamardo. “Além disso, mesmo que a capacidade de banda larga evolua no Brasil, seria preciso dias para baixar um filme em Blu-ray, de tão denso que é o arquivo.” Mas a história ensina que, mais cedo ou mais tarde, a evolução da tecnologia eliminará esse tipo de restrição e a qualidade dos downloads chegará ao nível do Blu-ray. Fernando Schneider, gerente de produto da Sony no Brasil, afirma que não há motivo para preocupação. “Ainda leva tempo para que as vendas sejam afetadas pela internet. Apenas uma minoria dos brasileiros possui conexão banda larga que permite downloads”, afirma ele. A multinacional japonesa opera no mercado de conteúdo gratuito pela web com a PlayStation Network, que oferece software de videogame e videoclipes promocionais de jogos. Nada impede que a companhia passe a oferecer outros tipos de conteúdo daqui a alguns anos.

i94825.jpg

 

Outra dificuldade para a Sony é que a tecnologia só funciona em televisões capazes de exibir as imagens em alta resolução, as full HDs – high definition. Sem essa função, os diferenciais do Blu-ray passam despercebidos. O problema é que uma tevê com full HD custa cerca de R$ 4 mil, preço nada popular para o padrão de consumo brasileiro. “Acreditamos que as vendas dessas televisões vão crescer e, por consequência, os vídeos em Blu-ray também”, afirma Jorge Magalhães, diretor-geral da Sony DADC Brasil, o braço da empresa que replica e distribui mídias pré-gravadas. Segundo ele, a tendência é de que o preço do aparelho DVD-Blu-ray, hoje na casa dos R$ 2 mil, também caia com o início da produção local. “Isso deve acontecer no início de 2010”, afirma o diretor. Segundo o mercado, a própria Sony seria a primeira empresa a produzir o equipamento por aqui. A empresa diz que não pode confirmar essa informação.