08/03/2016 - 0:00
No começo de fevereiro, quando divulgou seus resultados, o humor de Wall Street azedou de vez com a rede de microblog Twitter. O que chamou atenção dos investidores não foi o prejuízo de US$ 521 milhões em 2015. Mas sim a estagnação de seu número de usuários ativos, que ficou parado em 320 milhões.
Para o mundo da bolsa de valores, cuja ordem é crescer, crescer e crescer ainda mais, foi o suficiente para questionar a viabilidade do Twitter. Principalmente, porque seus rivais, como Facebook, WhatsApp e Snapchat, continuam se expandindo.
O valor de mercado do serviço caiu de US$ 35,3 bilhões, em dezembro, de 2013, para US$ 13,3 bilhões na segunda-feira 7. No auge do stress com os investidores, a capitalização caiu para menos de US$ 10 bilhões.
Os rumores de que o negócio seria vendido voltaram com força e uma pergunta ganhou cada vez mais força: para onde vai o Twitter?
Segundo Guilherme Ribenboim, vice-presidente para a América Latina do Twitter, o serviço deve passar por ajustes, mas não deve perder sua característica principal.
“O Twitter serve para as pessoas se informarem em um ambiente público e sem filtro”, disse o executivo, ao blog BASTIDORES DAS EMPRESAS.
Desde que Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter, assumiu oficialmente a empresa de internet em outubro de 2015, os executivos estão trabalhando para melhorar a rede social que se diferencia do Facebook pelos posts que aparecerem em ordem cronológica e limitados a 140 caracteres.
Cinco prioridades, segundo Ribenboim, foram definidas para o Twitter. Vamos a elas:
1 – Refinar o produto
Dorsey admitiu que é preciso deixar o Twitter mais fácil de ser entendido para um público mais amplo. Alguns ajustes já foram feitos para engajar os usuários. Um deles foi a criação do Moments, espaço que reúne as notícias mais importantes com a curadoria de profissionais da empresa.
O Twitter não quer perder também uma de suas principais características, que é a publicação do conteúdo por ordem cronológica. É isso que lhe dá força para cobertura de eventos que acontecem em tempo real, como um jogo de futebol, um debate político ou a cerimônia do Oscar. Mas está criando um filtro para, semelhante ao Facebook, para mostrar na tela inicial conteúdos considerados relevantes, mas que não aconteceram naquele momento.
Até mesmo o limite de 140 caracteres, uma marca indelével do Twitter até agora, está sob análise e pode cair por terra. Ribenboim não acredita que se trata de uma “facebookização” do Twitter.
2 – Cuidar dos criadores do conteúdo
Dois públicos usam o Twitter. Quem o acessa apenas para se informar e quem cria conteúdos. Na visão de Dorsey, é preciso dar toda atenção a esse público e fazer com que ele participe cada vez mais da rede social.
3 – Segurança
Quem publica, precisa ter certeza que o ambiente é seguro para poder disseminar a mensagem, acredita o novo CEO do Twitter.
4 – Desenvolvedores
Desde sua origem, em 2006, o Twitter sempre esteve perto dos desenvolvedores, que integram a plataforma a uma série de produtos. No ano passado, a empresa criou o Fabric para se aproximar ainda mais desse público.
O Fabric é um conjunto de ferramentas que ajudam os desenvolvedores de aplicativos. São plataformas que permitem desde testar bugs ou até mesmo integrar melhor o Twitter com aplicativos.
Segundo o Twitter, o Fabric está instalado em 1,6 bilhão de equipamentos ao redor do mundo e é usado por mais de 100 mil desenvolvedores. No Brasil, ele está em 67% dos aplicativos com mais de 50 mil downloads.
5 – Vídeo ao vivo
Dorsey enxerga um mundo onde o vídeo será a principal plataforma de conteúdo. E o vídeo ao vivo, a plataforma de distribuição. Por esse motivo, em março do ano passado, o Twitter comprou o Periscope, dono de um aplicativo capaz de transmitir vídeos ao vivo pelo celular.
É difícil prever qual será o resultado prático dessas orientações de Dorsey e se, no curto prazo, o humor de Wall Street mudará favoravelmente. Tudo dependerá da capacidade de executar o plano e de conseguir atrair novos usuários para o renovado Twitter que deve surgir.