29/10/2025 - 0:01
Às vésperas da COP30 no Brasil, um relatório da Oxfam Internacional mostra como o estilo de vida das pessoas mais ricas do mundo está consumindo o orçamento de carbono do restante do planeta.
Denominado “Saque Climático: como poucos poderosos estão levando o planeta ao colapso”, o documento apresenta dados e análises inéditas, constatando que uma pessoa do grupo 0,1% mais rico do mundo emite, em um único dia, mais carbono do que a metade mais pobre da humanidade durante todo o ano.
“A crise climática é uma crise de desigualdade. Os indivíduos mais ricos do planeta financiam e lucram com a destruição do clima, enquanto a maioria da população mundial paga o preço das consequências fatais do seu poder sem controle”, afirma Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam Internacional.
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O relatório indica ainda que os bilionários do planeta usam sua influência política e econômica para manter países e pessoas ainda dependentes dos combustíveis fósseis com objetivo de maximizar seus lucros. A pesquisa da Oxfam aponta que quase 60% dos investimentos dos bilionários estão aplicados em setores de alto impacto climático, como petróleo, gás e mineração.
Na prática, as carteiras de investimento dos super-ricos emitem duas vezes e meia mais carbono do que o investimento médio listado no índice S&P Global 1.200. As emissões combinadas das carteiras de investimento de apenas 308 bilionários superam as emissões somadas de 118 países.
Os dados mostram que o bilionário médio produz 1,9 milhão de toneladas de CO₂ equivalente por ano por meio de seus investimentos. Para gerar esse volume de emissões, seria preciso dar quase 10 mil voltas ao redor do mundo em um jato particular.
No Brasil
Segundo Viviana Santiago, diretora- executiva da Oxfam Brasil, o país também vivencia um cenário de desigualdades na crise climática. Para ela, muitas das pessoas mais ricas do Brasil estão ligadas a setores poluentes e à extração de recursos.
“[Os mais ricos] emitem centenas de vezes mais do que a maioria da população, enquanto comunidades periféricas, indígenas e quilombolas arcam com as piores consequências. São elas que enfrentam enchentes, calor extremo e falta de serviços básicos, num claro exemplo de racismo ambiental”, afirma.
