A PARAMOUNT PICTURES Corporation é a maior companhia cinematográfica dos Estados Unidos. Com produções do porte de Transformers, Uma Verdade Inconveniente e Babel, o estúdio se destaca na constelação do conglomerado de mídia Viacom Inc., cuja receita global soma US$ 13,4 bilhões. Mas aqui no Brasil a Paramount sempre teve uma presença inversamente proporcional ao seu peso global. Pelo menos até agora. O projeto desenhado por Jorge Peregrino, vice-presidente sênior para a América Latina da Paramount Pictures, prevê investimentos pesados no mercado local. ?Queremos ser um dos estúdios mais ativos do País?, diz ele. Para isso, o executivo assinou contratos de parceria com empresas e diretores de renome, como Globo Filmes e Bruno Barreto. No total, os americanos estão envolvidos em oito projetos de co-produção e distribuição que deverão movimentar R$ 100 milhões no período 2008- 2009. Trata-se de uma cifra expressiva para a indústria cinematográfica brasileira. Um setor ainda incipiente e cuja renda com ingressos estagnou no patamar de R$ 700 milhões. A lista de Peregrino inclui desde 174, história baseada no seqüestro dos passageiros de um ônibus ocorrido no Rio de Janeiro, e Raul Seixas, documentário sobre a vida do cantor, até Suprema Felicidade, que marca a volta de Arnaldo Jabor à direção, após 20 anos.

A guinada na trajetória da subsidiária faz parte de um projeto global da Paramount Pictures Corporation. ?Os executivos de Hollywood perceberam que o estúdio poderia ganhar mais dinheiro ampliando sua participação em projetos regionais?, conta Peregrino. Essa percepção foi reforçada por pesquisas que indicam que em países como França e Japão, por exemplo, os filmes nacionais respondem por cerca da metade do valor arrecadado nas bilheterias. A aritmética não favorece o Brasil, onde as produções locais abocanham míseros 11,6% dos ingressos vendidos. Esse número, no entanto, não reflete de forma clara as peculiaridades desse mercado. Graças a filmes como Tropa de Elite (vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim) e Carandiru, por exemplo, o público vem retornando paulatinamente aos cinemas. Sem contar o prestígio internacional conquistado por diretores como Walter Salles e Fernando Meirelles, que conseguiram emplacar Central do Brasil e Cidade de Deus na corrida pelo Oscar. Foram esses fatores que ajudaram Peregrino a convencer os chefões de Hollywood. Até porque o faturamento de uma obra cinematográfica não se esgota em sua exibição na telona. ?Os segmentos de locação e venda de filmes também são muito atrativos?, justifica. A explosão da venda de aparelhos de DVD corrobora essa análise. Em 2007, a comercialização desse equipamento cresceu 11%, para 6,5 milhões de unidades.

Pelo lado dos produtores locais, as parcerias internacionais funcionam como uma fonte adicional de financiamento. Sem contar a possibilidade de ver a obra ser distribuída em escala global. ?É um processo benéfico para todas as partes envolvidas?, avalia o consultor Francisco Russo, diretor do portal Adoro Cinema. Mas, para assumir a dianteira no Brasil ? mercado liderado pela Fox ?, Peregrino terá de escrever um roteiro muito mais amplo. Para isso ele dispõe de uma relação de megaproduções feitas em Hollywood. Até o final do ano, ele terá à disposição um portfólio recheado de títulos arrasa- quarteirão, tais como Homem de Ferro, Indiana Jones 4, Kung Fu Panda e Madagascar 2.