A parceria anunciada entre a Cemig e a espanhola Gas Natural Fenosa para a criação de uma joint venture deve ajudar a estatal mineira a retirar do papel projetos de térmicas abastecidas por gás natural, atualmente limitados pela indisponibilidade do insumo no mercado brasileiro. De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, este seria um dos ganhos trazidos com a parceria.

“A associação com a gás Fenosa pode permitir o atendimento (de gás) a Minas Gerais e a outros Estados e estamos dirigindo investimentos a esta associação. A Fenosa tem experiência com gás natural liquefeito (GNL) e também temos a possibilidade de gás de xisto”, disse Rolla em referência à possibilidade de extração do insumo na bacia do São Francisco.

De acordo com Rolla, a principal barreira a ser superada na última década para a viabilização de projetos térmicos a partir de gás é a escassez de matéria-prima. Por isso, Cemig e Fenosa devem encontrar alternativas para eliminar este gargalo.

O acordo entre a Cemig e a Fenosa deve avançar após o anúncio de compra pela Cemig da participação de 40% que a Petrobras detinha na Gasmig. Finalizado o acordo entre as estatais, avaliado em R$ 600 milhões, a Cemig poderá aportar a Gasmig na joint venture com a Fenosa. Essa alternativa, contudo, enfrenta resistência em Minas Gerais, principalmente por parte da oposição ao governo mineiro, para quem a operação implicaria na estatização da Gasmig. Questionado sobre o assunto, Rolla destacou que o acordo entre os acionistas prevê a gestão compartilhada da joint venture.

Expansão

Além do acordo com a Fenosa, a Cemig analisa também outras alternativas de crescimento. No mercado externo, a companhia permanece atenta a oportunidades nos territórios colombiano, chileno e peruano. No mês passado, a Cemig anunciou a desistência do processo de compra da colombiana Isagen. “A Isagen foi uma oportunidade que inicialmente achamos atrativa, mas que não se concretizou”, afirmou o executivo, que participou hoje do 16º Encontro Nacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, em São Paulo.

No Brasil, a companhia permanece atenta aos leilões de energia. “Temos interesse em participar de todos os leilões de geração”, destacou Rolla. A Cemig está interessada, inclusive, no processo de licitação da usina Tapajós, segundo o executivo. No caso do leilão de reserva, previsto para o final de outubro, a Cemig não participará de forma direta. A controlada Renova Energia, por sua vez, analisa alternativas, segundo Rolla.

A Cemig precisa ampliar o volume de geração para compensar o fim do prazo de concessão de 18 usinas de pequeno e médio portes ao longo de 2015. Juntos, esses projetos têm capacidade instalada de cerca de 1 mil MW. Também no próximo ano, no mês de janeiro, expira o prazo de concessão da usina São Simão. A usina, contudo, não foi incluída por Rolla na lista de concessões a vencer em 2015, o que sinaliza que a Cemig deve questionar o prazo do fim de concessão, assim como fez com a usina Jaguara, processo atualmente em discussão na Justiça. A concessão de São Simão expira em janeiro.

A intenção da Cemig é manter certo equilíbrio de participação das diferentes áreas dentro da companhia. Segundo Rolla, a representatividade da geração nos negócios da Cemig deve se manter em aproximadamente 40%. A participação da área de transmissão deve ficar em cerca de 20% e os 40% restantes seriam atendidos pelas demais áreas.