São 7 horas e mais de dez profissionais já ocupam uma das salas de cirurgia do Hospital Sírio-Libanês, unidade privada de excelência, famosa por atender políticos e celebridades em São Paulo. Na maca, nenhum paciente particular ou de convênio, mas sim a empregada doméstica Geni Rosa de Oliveira Silva, de 59 anos, usuária do Sistema Único de Saúde (SUS), que, no dia 9 de janeiro, recebeu uma espécie de coração artificial em uma cirurgia acompanhada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Geni é originalmente paciente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), mas faz acompanhamento também com a equipe do InCor desde que descobriu que o tratamento quimioterápico de 2015 para um tumor de mama provocou danos em seu coração. “Comecei a tomar remédios para a insuficiência cardíaca, mas, de uns tempos para cá, passei a sentir muito cansaço e os médicos disseram que os remédios não davam mais conta”, contou, um dia antes da cirurgia.

A única chance de sobrevivência para a paciente seria implantar um aparelho que custa cerca de R$ 600 mil, mas que não está disponível na rede pública. A opção por um transplante de coração, geralmente indicado para esses casos, não é viável para Geni porque doentes que tiveram câncer só podem receber um novo órgão cinco anos depois de curados.

Geni foi transferida para o Sírio-Libanês graças a uma parceria com o Incor. Por meio do projeto de filantropia Coração Novo, o hospital privado arca com as despesas do dispositivo a ser implantado – o aparelho HeartMate 2, que substitui a função de um dos ventrículos do coração, ajudando a bombear o sangue. De acordo com Fábio Jatene, vice-presidente do InCor e cirurgião em ambas as instituições (foi ele quem chefiou a equipe que operou Geni), a parceria entre os dois hospitais é uma forma de oferecer a pacientes do SUS técnicas não cobertas pela rede pública. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.