O empresário Sandi Adamiu, herdeiro e sócio da Paris Filmes, uma das maiores distribuidoras cinematográficas do País, gastou boa parte de seus dias de isolamento social subindo e descendo a Serra do Mar, num trajeto entre São Paulo, onde mora e trabalha, e a cidade de Parati, no litoral Sul do Rio de Janeiro. Mas não era por lazer. O objetivo do vaivém era aproveitar o período de quase lockdown para “retrofitar” o casarão colonial que abriga sua pousada – e que já foi a Casa da Moeda nos tempos do império – e planejar a nova frente de negócios da companhia.

Com cinemas fechados – que respondem por 40% das receitas estimadas em R$ 200 milhões no ano passado –, Sandi redesenhou o plano de lançar a Paris Cultural, dedicada exclusivamente à produção de peças de teatro. A estreia, em março, com a peça Silvio Santos Vem Aí, precisou ser interrompida em decorrência da pandemia. “Em vez de nos recolher na crise, decidimos acelerar os investimentos enquanto toda a economia estava praticamente paralisada”, afirmou Sandi. “Na área da hotelaria, a decisão foi expandir. Na área cultural, alterar o cronograma, mas sem abrir mão do planejamento”, disse o empresário. A persistência deu resultado.

No começo do mês, o Santander retomou a parceria de patrocínio, decisão que permitiu que a Paris Cultural, sob comando da CEO Marilia Toledo, retome a temporada de 30 apresentações a partir de fevereiro, no rooftop do paulistano Teatro JK Iguatemi. “Queremos transformar essa temporada no cartão de visitas da retomada definitiva da Paris Cultural, e consolidar a empresa como uma importante produtora de peças, assim como a Paris Filmes é para o cinema”, disse Marilia. Superada a crise do mercado, os próximos passos, segundo Sandi, serão negociar o arrendamento de uma grande sala de teatro em São Paulo, com o nome da Paris Cultural. “Com a empresa rodando, vamos atrair os investidores e as parcerias. Tudo faz parte do nosso enredo.”

(Nota publicada na edição 1199 da Revista Dinheiro)