No início era um filme pornô. Gravado por um namorado em 2002, o que era para ser uma brincadeira de casal foi parar na internet à revelia. Rapidamente tornou-se uma tacada de marketing, a ponta de lança para o sucesso internacional da loira de 1,73 metro. A moça é Paris Hilton, a herdeira dos hotéis Hilton. O modo pelo qual ela deixou a imagem de maluquete para se transformar em uma mulher de negócios é um belo caso de sucesso. De modelo, socialite e atriz, Paris converteu-se em uma máquina de fazer dinheiro. ?Sou tudo isso e muito mais?, revelou à DINHEIRO (acompanhe entrevista à página 74). Em 2004, ela faturou US$ 6,5 milhões com direitos de imagem. Hoje, seu nome é visto em jóias, livros, relógios, bolsas e boate. No próximo dia 13, ela desembarca no Brasil para lançar seu próprio perfume. ?A fragrância aumentará nossas vendas em 15%?, diz Lucinda Lopes, diretora da Excellence, a distribuidora no País.

O evento de lançamento será na loja paulistana Daslu, o templo do consumo de luxo. Em um espaço dedicado a festas, com decoração rosa por exigência da beldade, Paris mostrará ao público paulistano as fragrâncias masculina e feminina. O preço: de R$ 180,00 a R$ 240,00. Está agendado ainda uma tarde de autógrafos no shopping Pátio Higienópolis, também em São Paulo. Em todos os locais, Paris, que desembarcará no jato particular com a família, será acompanhada por um séquito de agentes de segurança. Ela chega ao País com status de celebridade de Hollywood. Tem somente 24 anos e já está no topo. Um tradicional ranking, que lista as principais estrelas dos Estados Unidos, aponta Paris na 55ª posição entre as mais influentes de 2004. Apenas para dar as caras em eventos que podem durar meros 20 minutos, ela ganha US$ 300 mil. Na semana passada, a busca no site Google por ?Paris Hilton? resultava em 4.710.000 entradas. Ganhava de ?Britney Spears?, com 3.930.000, e de ?Nicole Kidman?, com 1.820.000. Perdia apenas para ?Madonna?, com 6.640.000 citações, mas é comparação descabida, porque o rastreamento de Madonna inclui a Nossa Senhora, e neste caso o embate é desleal. Entre os homens, era derrotada por ?George W. Bush?, com 50.500.000 referências. É um recorde que diz muito do estado atual do mundo.

Como ela conseguiu alcançar tamanha influência? ?O marketing está fundamentado nos escândalos que ela promove?, diz Pyr Marcondes, sócio-diretor da consultoria Super Brands. Qualquer coisa que Paris faz vira notícia. Rende muito dinheiro, mas tem aspectos negativos. ?O sucesso dela tem vida curta?, analisa José Roberto Martins, consultor especializado em marcas. ?Está fadada ao mesmo destino de uma Tiazinha ou Feiticeira?, diz ele, referindo-se às duas ex-estrelas da televisão brasileira. O que há de mais nocivo na carreira de Paris, apontam os profissionais que acompanham o fenômeno das celebridades, é a superexposição. E haja superexposição. A fama de menina rica, filha de Rick Hilton, um dos herdeiros do lendário fundador da cadeia de hotéis Hilton, com fortuna estimada em US$ 300 milhões, fez com que a medida apresentada no Congresso americano por George W. Bush no ano passado para acabar com os impostos sobre os ricos, duramente criticada pela oposição, fosse batizada de ?Isenção de Taxa Paris Hilton?.

O sucesso da chamada ?princesinha da Park Avenue?, numa referência ao reduto dos milionários de Manhattan, mesmo ancorado em uma série de polêmicas, é inquestionável. Paris é garota propaganda de grifes como a Guess, estrelou o reality show ?The Simple Life?, onde aprende a viver franciscanamente em uma fazenda no estado americano de Arkansas, e foi uma das protagonistas do filme ?Casa de Cera?. Além disso, escreveu um livro sobre a sua vida, vai lançar um CD com músicas pop rock e é sócia da boate Club Paris, um empreendimento que consumiu US$ 3 milhões em Orlando, na Flórida. A idéia é levar a casa noturna para outras cidades como Miami, Las Vegas, Nova York, Londres e, é claro, Paris. ?Ela faz tantas coisas ao mesmo tempo que não dá para entender qual é o foco?, diz Lusa Silvestre, diretor da agência McCann-Ericson. Justamente por isso é difícil unir o nome de uma grande empresa ao da moça. ?Só em ocasiões esporádicas e quando quer fazer barulho isso acontece?, resume. A Carl?s Jr, uma cadeia de fast food americana, usou essa estratégia. Produziu um comercial no qual a loira surge em um provocante maiô lavando um carro em cenas ousadas. O hambúrguer? Mero detalhe. Resultado: tiraram o filme do ar. O anúncio produziu muito barulho nos EUA. Em recentes entrevistas, ela afirma que está mais comportada. Informa que casará com o bilionário grego e homônimo Paris Latsis, herdeiro de uma fortuna de US$ 7,5 bilhões. Afinal, ela deve fazer jus a sua própria e célebre frase. ?As pessoas acham que sou estúpida. Mas sou mais esperta que muitas delas?.

?O Brasil é um país quente?
Paris Hilton fala com exclusividade sobre negócios, o pai e a carreira

 

Na próxima terça-feira, 13 de setembro, Paris Hilton, desembarca no Brasil para lançar a fragrância que leva o seu nome. Com exigências que vão de helicóptero a uma BMW com uma equipe de agentes de segurança, a loira da pá virada fará sua estréia brasileira nos corredores da loja paulistana Daslu. Ali, em uma festa decorada pelo americano Jassi Lekach, que está no Brasil desde a semana passada por exigência de Paris, ela será apresentada em grande estilo às socialites. Paris concedeu uma entrevista por email à DINHEIRO. Respondeu às perguntas, bem ao seu feitio, de modo lacônico. Recusou-se a responder uma única questão: o que pensa sobre o presidente americano George W. Bush. Acompanhe:

DINHEIRO ? A senhora é uma socialite, uma atriz ou uma mulher de negócios?
PARIS HILTON: Sou tudo isso e muito mais.

Como a senhora conseguiu transformar a imagem de símbolo sexual em mulher de negócios?
Trabalho muito em vários projetos e estou sempre focada e envolvida em todos eles.

Que projetos são esses?
Além de ser modelo, atriz e de cantar [o primeiro CD será lançado ainda este ano], tenho um perfume, lancei um livro, jóias e a boate Club Paris, em Orlando. Estamos fazendo também uma coleção de relógios, malas e acessórios em couro. Há muito mais.

Quanto a senhora fatura por ano?
Vivo muito bem com o que ganho. Não é muito dinheiro perto do que o trabalho me proporciona e do quanto me divirto trabalhando.

Com quem aprendeu a cuidar do dinheiro e fechar negócios?
Com meu pai [Rick Hilton, o neto de Conrad Hilton, fundador da cadeia de hotéis]. Ele é uma grande influência na minha carreira profissional.

A senhora ajudou diretamente a criar o perfume que leva o seu nome?
Participei de todas as fases do projeto. Estive muito envolvida desde a criação do frasco ao design da embalagem.

O que a senhora pensa do Brasil?
Acho que é um país lindo com pessoas legais, sexys e divertidas. O Brasil é quente!