16/10/2020 - 11:30
Os moradores de Paris terão de respeitar um toque de recolher a partir da meia-noite desta sexta-feira (16) para tentar frear uma pandemia que avança de forma descontrolada na Europa e obriga a adoção de restrições em vários países, como a Espanha, onde todos os bares da Catalunha permanecerão fechados por 15 dias.
A situação também é crítica na Alemanha, país considerado exemplar na gestão da primeira onda, que observa um aumento significativo dos contágios.
Nesta sexta-feira, um tribunal de Berlim anulou a obrigação de fechamento de bares e restaurantes da capital alemã entre 23h e 6h0, por considerar a medida desproporcional e afirmar que “não era evidente” que ajudasse na luta contra a pandemia.
Proprietário de bares e restaurantes que se sentiram particularmente prejudicados pelas medidas decretadas pelo governo recorreram à Justiça.
A mesma indignação é registrada nos sindicatos de restaurantes de Paris e Barcelona.
“Quem vai assumir os salários dos 15 dias? Quem vai pagar o aluguel? Evidentemente, se você não trabalha, dificilmente consegue cumprir os pagamentos, e isso vai virar uma espiral”, declarou Julio Rodríguez, de 67 anos, dono de uma pizzaria em Barcelona.
Como ele, vários proprietários de estabelecimentos na Catalunha estão desesperados com os efeitos econômicos do fechamento por duas semanas, que entrou em vigor na quinta-feira à noite.
– Voltar a março –
Na França, o toque de recolher entre 21h e 6h vai durar pelo menos um mês e afetará quase 20 milhões de pessoas em Paris e em outras oito cidades, como Marselha, ou Lille.
A circulação está autorizada apenas em casos excepcionais, com a obrigatoriedade de uma autorização. As infrações devem ser punidas com multas de 135 euros (160 dólares).
Nas últimas 24 horas, a França contabilizou 30.000 novos casos de coronavírus e 88 mortes.
“É assustador. Sinto que voltei a março”, resumiu Hocine Saal, diretor da Emergência do hospital de Montreuil, na região de Paris.
As medidas governamentais pretendem evitar o retorno do confinamento geral na Europa, continente que superou sete milhões de contágios e 247.000 mortes por covid-19.
A maior restrição à vida privada imposta atualmente na Europa acontece em Londres, onde os nove milhões de habitantes não poderão encontrar parentes e amigos em espaços fechados a partir de sábado.
A Irlanda do Norte aplicará novas medidas a partir das 18h desta sexta-feira, incluindo o fechamento de pubs e restaurantes durante quatro semanas.
Em todo planeta, a pandemia provocou 1,09 milhão de vítimas fatais e mais de 38,9 milhões casos de contágios. Também derrubou a economia e reduziu ao mínimo a vida social, cultural, ou esportiva.
A chanceler alemã, Angela Merkel, anunciou o cancelamento de uma reunião europeia em Berlim sobre a China prevista para novembro.
O encontro de cúpula europeu de quinta e sexta-feiras, em Bruxelas, que pelo menos duas autoridades foram obrigadas a abandonar mais cedo para iniciar uma quarentena – após casos positivos em suas equipes -, mostrou que, no momento, as reuniões internacionais presenciais não são uma boa ideia.
Em um cenário de dúvidas, o setor aéreo se prepara para um duro inverno no hemisfério norte (verão no Brasil). As reservas para o último trimestre anunciam um fim de ano sombrio, com um queda 78% na comparação com o ano passado, segundo a Associação Internacional do Transporte Aéreo.
– “Pouco ou nenhum efeito” –
Na América Latina e Caribe, com mais de 375.000 mortes e 10,3 milhões de casos, o Peru iniciou a abertura dos museus e sítios arqueológicos.
O país de 33 milhões de habitantes tem a maior taxa de mortalidade proporcionalmente a sua população (104,11 morte para cada 100.000 habitantes).
Nos Estados Unidos, país mais afetado do planeta com mais de 217.000 óbitos, o presidente Donald Trump se mostrou disposto a liberar 1,8 trilhão de dólares para estimular a economia antes das eleições presidenciais de 3 de novembro.
Na área científica, um estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o medicamento redemsivir, que integrou o coquetel experimental administrado a Donald Trump depois que ele contraiu o coronavírus, é pouco efetivo para evitar a morte pela doença.
A gigante farmacêutica americana Pfizer anunciou que planeja solicitar uma autorização de emergência para sua vacina contra a covid-19 no final de novembro, duas semanas após a eleição presidencial nos Estados Unidos.
“Permitam que seja claro, supondo que os dados sejam positivos: a Pfizer solicitará uma autorização de uso de emergência nos Estados Unidos pouco depois do fim da etapa de segurança, na terceira semana de novembro”, afirma o CEO do grupo, Albert Bourla, em uma carta aberta publicada nas redes sociais.
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