09/05/2021 - 8:20
Um grande segmento do foguete chinês que voltou à atmosfera neste domingo (9) se desintegrou sobre o Oceano Índico, anunciou a agência espacial chinesa após uma série de especulações sobre onde o objeto de 18 toneladas cairia.
“De acordo com o monitoramento e a análise, às 10h24 (23h24 de sábado no horário de Brasília) de 9 de maio de 2021, o primeiro estágio do foguete Longa Marcha 5B entrou na atmosfera”, informou a Agência Espacial de Voos Tripulados da China em comunicado, fornecendo as coordenadas de um ponto localizado no Oceano Índico perto das Maldivas.
O segmento do foguete chinês foi visto no céu de Santa Catarina, por meio da câmera de monitoramento de uma estação em Monte Castelo, na região do Norte catarinense. O diretor técnico da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), Marcelo Zurita, contou ao G1 que a parte do foguete foi observada entre quinta-feira e sábado também de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
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A maior parte desse segmento se desintegrou ao entrar na atmosfera, informou.
O Comando Espacial dos Estados Unidos afirmou em um comunicado que o foguete “entrou sobre a Península Arábica por volta das 02h15 GMT de domingo”.
“Não se sabe se os destroços caíram na terra ou na água”, acrescentou.
As autoridades chinesas haviam alegado que o retorno fora de controle do segmento do foguete Longa Marcha 5B, que colocou em órbita o primeiro módulo de sua estação espacial em 29 de abril, representava pouco perigo.
Space-Track, a rede de vigilância espacial dos EUA, baseando-se em dados militares americanos, também confirmou a entrada na atmosfera.
“Todos que acompanham o retorno do #LongaMarcha5B podem relaxar. O foguete caiu”, tuitou Space Track.
A queda do segmento corresponde às previsões de alguns especialistas que disseram ser grande a probabilidade de ele cair no mar, uma vez que o planeta é composto por 70% de água.
Mas o retorno descontrolado de um objeto desse porte levantou preocupações sobre possíveis danos e vítimas, apesar da baixa probabilidade.
“A maioria dos componentes (do foguete) vai queimar na reentrada na atmosfera”, havia assegurado Wang Wenbin, porta-voz do ministério de Relações Exteriores da China.
“A probabilidade de causar danos às atividades aéreas ou (a pessoas, edifícios e atividades) em solo é extremamente baixa”, disse ele.
O secretário de Defesa americano, Lloyd Austin, garantiu esta semana que seu país não tem intenção de destruir o foguete. Ele deu a entender, porém, que seu lançamento não foi planejado com os devidos cuidados pela China.
Em 2020, destroços de outro foguete Longa Marcha caíram em vilarejos na Costa do Marfim, causando danos, mas sem feridos.
Em abril de 2018, o laboratório espacial chinês Tiangong-1 se desintegrou ao entrar na atmosfera, dois anos depois de parar de funcionar.
Para evitar uma repetição desta situação, os especialistas recomendaram a remodelação do foguete Longa Marcha 5B, que não tem a capacidade de controlar sua descida da órbita.
“Uma entrada (na atmosfera) sobre o oceano sempre foi estatisticamente a mais provável”, tuitou Jonathan McDowell, astrônomo de Harvard.
“Parece que a China ganhou a aposta (a menos que tenhamos notícias de partes caídas nas Maldivas). Mas ainda assim, foi imprudente”, considerou.
“O fato de uma tonelada de fragmentos metálicos atingir a Terra a centenas de km/h não é uma boa prática, e a China deveria revisar suas missões para evitar isso”, acrescentou.
A China vem investindo bilhões de euros em seu programa espacial há várias décadas.
O país asiático enviou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003. No início de 2019, pousou um robô no lado oculto da Lua.
No ano passado, trouxe amostras da Lua e finalizou o Beidou, seu sistema de navegação por satélite (concorrente do GPS americano).
A China planeja pousar um robô em Marte nas próximas semanas e também anunciou sua intenção de construir uma base lunar com a Rússia.