06/03/2017 - 8:30
Depois de duas experiências negativas, na primeira e na segunda gestações, e de ter tido uma vivência positiva apenas na terceira, Mariana Reis de Sousa Ferreira, de 28 anos, que é formada em Turismo, passou a trabalhar como doula e consultora de aleitamento materno de duas clínicas especializadas em parto humanizado, a Commadre e a Iluminar.
Em todas suas gestações, Mariana sempre desejou que o parto fosse o mais natural possível, sem intervenções desnecessárias. Mas já na primeira experiência, há nove anos, foi submetida a uma episiotomia sem sequer ter sido comunicada.
“Eu já estava com muita dilatação. Minha filha estava prestes a sair e a enfermeira veio com uma agulha para anestesiar o local e me cortar. Eu perguntei o que ela ia fazer e ela disse para eu não me preocupar porque ela sabia o que estava fazendo. Só depois de me cortarem, quando foram suturar o local, falaram que tinham feito o corte. Mas tenho certeza que não tinha nenhuma necessidade desse procedimento. Meu bebê não era grande”, diz.
A convicção de Mariana veio das experiências seguintes. Em sua terceira gestação, em que ela conseguiu um parto totalmente natural, o bebê nasceu maior do que o primeiro e, mesmo assim, sem necessidade de nenhuma episiotomia. “Mesmo quando há laceração natural na região, é muito menos agressivo do que o corte”, diz.
Na avaliação de Mariana, em sua segunda gestação o problema foi ela ter sido praticamente obrigada a passar por uma cesárea desnecessária.
“Eu estava com 39 semanas ainda, induziram o parto e o obstetra não esperou nem meia hora e já me levou para o centro cirúrgico dizendo que era melhor fazer para o bebê não correr risco. Era um sábado, parecia que ele queria terminar logo o serviço”, conta.
“Foi somente depois do meu terceiro parto, quando finalmente eu consegui ser respeitada e tive o auxílio de uma doula, que eu resolvi que era isso que eu queria fazer”, conta ela, que antes trabalhava em um escritório de advocacia.
Para Mariana, não bastam regras do Ministério da Saúde para coibir práticas de violência obstétrica. “É preciso também que as gestantes denunciem os profissionais que agem indevidamente. Só assim vamos conseguir acabar com essa cultura”, defende.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.