“The Ripening Sun” foi o primeiro livro que eu li sobre as mulheres no mundo do vinho. Isso foi por volta do ano 2004, talvez 2005 (o meu exemplar foi impresso em 2003). E nunca esqueci da história de perseverança da inglesa Patricia Atkinson, dona do Clos d’Yvigne.

Sua história é emocionante: em 1990, ela e o marido decidem deixar a Inglaterra e migrar para o sul de Bordeaux. O sonho do casal era o mais romântico possível: viver no campo, com um vinhedo no quintal e bebericar o vinho da casa nos finais de tarde. Mas tudo dá errado, depois da compra da casa no vilarejo de Gageac, em Dordogne. Primeiro, sem nenhuma experiência com a viticultura, a safra inicial do tinto se transforma, literalmente, em vinagre. Em seguida, eles perdem toda a poupança em uma das crises econômica. Para completar, o marido James decide voltar para o Reino Unido.

Patricia, que até então não falava uma palavra em francês, se vê sozinha, sem dinheiro e com quatro hectares de vinhedos, não exatamente em bom estado. E aí começa sua aventura. Em vez de desistir, ela decide que vai aprender a elaborar vinhos de qualidade. E ela aprende na prática, com a ajuda dos vizinhos (que ela vai conquistando, um a um) e com a leitura especializada.

Hábil na escrita, Patricia traz seus dramas, como a primeira vez que precisou levar o vinho para ser analisado no laboratório local. Ou quando numa degustação ela tinha de explicar o método que usava na vinificação (só aí ela descobre que é o tradicional). No final da saga, ela já tem 21 hectares de vinhedos, para orgulho, não apenas seu, mas também de seus vizinhos.