O estilista italiano Giorgio Armani falou sobre o plano de sucessão de sua marca e revelou o único arrependimento de sua vida em entrevista ao jornal britânico “Financial Times”, uma semana antes de morrer.

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Considerado um ícone da moda mundial e fundador de um verdadeiro império, Armani, que não teve filhos, morreu nesta quinta-feira, 4, aos 91 anos, e era o único acionista da empresa que fundou com seu falecido sócio Sergio Galeotti, em 1975.

No ano passado, a receita líquida da marca do estilista bateu 2,3 bilhões de euros.

“Meus planos de sucessão consistem em uma transferência gradual das funções de responsabilidade que sempre ocupei para aqueles mais próximos de mim, como Leo Dell’Orco, membros da minha família e toda a equipe”, contou ele.

Armani fez referência ao estilista Dell’Orco, seu companheiro, que atualmente é chefe de design masculino da empresa. Além dele, especula-se que a sucessão incluirá também sua irmã, Rosanna, além de três outros membros da família: os sobrinhos Silvana, Roberta e Andrea Camerana.

“Gostaria que a sucessão fosse orgânica e não um momento de ruptura”, acrescentou ele, lembrando que criou um estilo de vida que “definiria como um mundo de sofisticação natural, no qual nada é exagerado, mas tudo encontra um equilíbrio que, embora sussurrado, é rico em personalidade”.

Na entrevista publicada uma semana antes de sua morte, Armani também refletiu sobre sua vida e disse que sua “maior fraqueza é ter controle sobre tudo”.

O estilista foi ouvido em sua casa em Milão, onde se recuperava de uma doença que o obrigou a perder os últimos três desfiles de moda que havia organizado em junho e julho.

“Supervisionei todos os aspectos do desfile remotamente por videoconferência, desde os ensaios até a sequência e a maquiagem. Tudo o que vocês verão foi feito sob minha direção e tem minha aprovação”, garantiu, antes de enfatizar que sua grande força era “a capacidade de acreditar nas minhas ideias e a determinação, às vezes teimosia, de levá-las adiante”.

Armani esperava estar presente nas comemorações do 50º aniversário da maison, programadas para a Semana de Moda de Milão, no final de setembro, onde inauguraria uma exposição na Pinacoteca di Brera, a primeira do museu dedicada à moda.

“Embora minha mentalidade esteja muito distante da volatilidade ocasionalmente frenética da moda, não gosto particularmente da ideia de ser rotulado de antimoda”, continuou o estilista.

Segundo ele, em vez disso, sua “posição é onde o estilo prevalece sobre tendências passageiras que mudam sem motivo”.

“Se o que criei há 50 anos ainda é apreciado por um público que nem sequer era nascido naquela época, essa é a maior recompensa”, enfatizou.

Por fim, o ícone da moda mundial reforçou que seu objetivo no início era afirmar sua visão e vestir as pessoas. “De certa forma, a ideia continua a mesma até hoje. Não sei se usaria a palavra ‘workaholic’, mas o trabalho duro é certamente essencial para o sucesso”, concluiu, revelando que seu único “arrependimento na vida foi passar muitas horas trabalhando e pouco tempo com amigos e familiares”.