02/08/2006 - 7:00
Em meio a jardins tropicais e fontes de mármore, o hotel Kura Hulanda, na ilha de Curaçao, nas Antilhas Holandesas, é um microcosmo que reúne os desejos mais sagrados de todo viajante. Luxo, conforto, exclusividade e capricho nos mínimos detalhes. Membro da seleta lista do Leading Small Hotels of the World, o Kura Hulanda é uma vila formada por oito quadras de casarões dos séculos 17 e 18 restaurados, interligados por alamedas e estreitas ruas de pedra. A charmosa propriedade, que fica em Willemstad, capital da ilha caribenha, e foi tombada pela Unesco como patrimônio da humanidade, pertence ao milionário holandês Jacob Gelt Dekker. Após 25 anos viajando pelo mundo e hospedando-se nos mais variados tipos de hotel, Dekker usou sua experiência para fazer do Kura Hulanda uma casa de sonhos em plena ilha tropical.
Já na recepção do Kura Hulanda é possível perceber que este não é um hotel cinco-estrelas como outro qualquer. O hall de entrada é decorado com peças de antigüidades, como um pote com a forma de um cavalo da dinastia chinesa Han (220 a.C), peças incas do Peru e máscaras maias pregadas nas paredes. Em cada esquina da vila há uma agradável surpresa: gazebos com relíquias, como antigos instrumentos astronômicos, duas piscinas cercadas de vegetação tropical e um café ao ar livre onde um pianista toca jazz à sombra de uma árvore florida.
O bom gosto de Dekker, dentista de formação e que ficou rico ao inventar a revelação fotográfica de uma hora ? ele abriu 120 lojas ao redor da Europa e, mais tarde, vendeu o negócio para a Kodak ?, continua na parte interna do hotel. Cada um dos 100 quartos do Kura Hulanda possui uma decoração diferente. Em comum, só o banheiro de mármore. A mobília inclui móveis talhados da Indonésia, roupa de cama indiana feita à mão e paredes com detalhes pintados por artistas locais. A acomodação mais desejada é a de número 252. Dois elefantes de mármore guardam a entrada da suíte nupcial indiana que é digna de reis e rainhas. Todos os móveis, da cama aos armários, são feitos em prata e vieram da Índia. Um resplandecente lustre de cristal ilumina a mesa de jantar onde são servidas refeições irresistíveis. No banheiro de mármore há uma jacuzzi. Para dois. A diária sai por US$ 1 mil na baixa temporada.
Kura Hulanda significa “pátio holandês” em papiamento, o idioma de Curaçao, uma mistura de holandês, espanhol, português e inglês. Em viagem à ilha, em 1998, o empresário de 56 anos, se encantou com o lugar e resolveu comprar e restaurar uma mansão antiga para veraneio. Durante a escavação da piscina foram encontrados artefatos da época da escravidão. A casa de Dekker estava em cima de um sítio arqueológico. Ali havia sido o mercado de escravos que eram trazidos da África para serem vendidos nas Américas. O empresário, então, decidiu criar um museu antropológico que mapeasse a história da escravidão na região entre 1600 e 1863. Com a vinda de pesquisadores e de turistas do mundo inteiro para visitar o museu, Dekker decidiu construir o hotel e integrá-lo ao complexo histórico do pátio holandês. Hoje, além de ser considerado um dos hotéis mais elegantes do planeta, ele é, como diz o próprio Dekker, ?um lugar no qual a pessoa se sente em casa.?