14/05/2018 - 7:33
Se, ao longo dos dias de domingo, a Avenida Paulista aberta para pedestres já se consolidou como uma opção de lazer para toda a cidade, ao anoitecer, quando o sol, a maior parte do público e a fiscalização vão embora, o que tem ficado ali é uma passarela livre para o comércio ambulante clandestino de bebidas alcoólicas, vendidas mesmo para adolescentes e com pagamento em cartões de débito e crédito.
Neste domingo, 13, fileiras de ambulantes transitavam livremente após às 17h. “O rapa (a fiscalização) até vem, toma toda nossa mercadoria, mas a gente precisa trabalhar, né?”, disse à reportagem um ambulante de 39 anos, que negou vender álcool a menores.
Após o sol se pôr, o perfil dos frequentadores da Paulista muda. Saem famílias, casais e grupos de amigos mais velhos, ficam os mais jovens, interessados em esticar a noite e beber. Os focos – já conhecidos – são a esquina da Paulista com a Rua Augusta e o vão livre do Masp.
“A Paulista virou um vale-tudo. Pode se vender de tudo. Quem compra não sabe o que tem dentro dessas garrafas. É um problema de segurança, mas também de saúde pública. O comércio ambulante está totalmente fora de controle”, diz a conselheira da Sociedade dos Amigos, Moradores e Empreendedores do Bairro de Cerqueira César (SAMORCC) Célia Marcondes. Ela reclama ainda que os músicos ficam muito perto dos prédios residenciais.
Artesãos
Os vendedores ambulantes regulares, que fazem comércio de artesanato, não gostam da concorrência. E reclamam de que a fiscalização não mira nos vendedores de álcool. “Ontem, veio o primeiro fiscal e eu mostrei minha autorização. Então veio o segundo, e mostrei a autorização. No terceiro, ele disse ‘OK, você está autorizada, mas esses cabides, do jeito que estão, são irregulares. Vou apreender tudo’. Só não tive um prejuízo enorme porque as pessoas viram a cena e ficaram do meu lado”, contou a ambulante Viviane Cristina Machado, de 42 anos.
O prefeito regional da Sé, Eduardo Odloak, disse que, só neste domingo, foram feitas 120 apreensões na Paulista. Ele reconheceu que os vendedores de álcool são mais ágeis, difíceis de serem fiscalizados, mas prometeu mais rigor. Disse ainda que vai regulamentar a atuação dos músicos, que ficarão restritos a prédios comerciais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.