Antecipando que o segundo semestre tende a ser economicamente mais fraco para a economia, principalmente em função das eleições de outubro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem tentado montar uma agenda positiva de indicadores para colher uma agenda positiva junto ao eleitorado. Nesta semana, dois indicadores apresentaram melhora, e serviram para reforçar o discurso de aquecimento que o ministro tenta apresentar para o mercado.

Segundo o ministro Paulo Guedes, a revisão para cima dos indicadores de crescimento, em especial do Produto Interno Bruto (PIB), será constante. “O país passará o ano revendo para cima as previsões [de crescimento do PIB]. Isso é o contrário do que ocorre nos países lá fora, que estão revendo as projeções para baixo”, disse ele na divulgação do Boletim Macroeconômico, divulgado pela Pasta.

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Segundo a projeção oficial para o desempenho da atividade econômica neste ano, o PIB crescerá 2%, ante aos 1,5% previstos anteriormente. Para o próximo ano, segue mantida a estimativa de 2,5%

Para a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a previsão da equipe econômica caiu para 7,2% em 2022, contra 7,9% da projeção feita em maio. Para 2023, o patamar foi de 3,6% para 4,5%.

Esta é a primeira vez no ano em que o governo reduz a estimativa para a inflação de 2022. Após começar o ano esperando uma inflação em 4,7%, o governo elevou, na última atualização, em maio, a expectativa de 6,55% para 7,9%.

Balizaram esta estimativa dois resultados positivos divulgados nesta semana.  O principal deles foi o resultado da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS)  divulgada na terça-feira pelo  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com uma alta de 0,9% em maio ante abril, o resultado servirá para impulsionar o resultado do PIB do segundo trimestre terminado em junho, mas ainda não apresentado pelo governo federal.

Entre os bancos e corretoras, o resultado foi bem recebido. O economista da  XP Rodolfo Margato, por exemplo, ressalta o crescimento generalizado do segmento, com aumento de receita real também acima de suas projeções (9,2%, contra 9,0%). “O afrouxamento das políticas de restrição de mobilidade, em conjunto com o aumento da renda disponível das famílias continuam a impulsionar a demanda por esses serviços no curto prazo”, disse.

No comércio, a alta de 0,1% em maio revelada ontem (14) também não é uma notícia ruim. O discurso do governo é que a injeção dos recursos provenientes do Auxílio Brasil e do Vale diesel deverão ajudar no consumo a partir de agosto e manterá o setor aquecido também no terceiro trimestre. Ponto para o ministro.