02/10/2025 - 7:30
Segundo o General Manager do PayPal no Brasil, Brunno Saura, o Pix ainda impressiona quem mora fora do Brasil – incluindo executivos e investidores estrangeiros.
+ Qual o futuro da Cemig, que está na fila da privatização e que pode ser federalizada? CEO detalha
+ Marcos Lisboa: ‘Empresas investem muito mais em lobby do que em produtividade’
O chefe do PayPal no Brasil relata que, em interações com executivos e diretores da empresa que são de fora do Brasil, ainda vê certa surpresa por conta do nível de eficiência do sistema de pagamentos instantâneo criado pelo Banco Central (BC).
“Quando a gente conversa internamente com os executivos de fora, e muito dos americanos, eles vêm a facilidade que um Pix é para realizar essas transferências entre diferentes instituições. Eles realmente ficam um pouco perplexos, porque o papel do regulador foi realmente para que isso fosse permitido e descomplicasse a vida de todo mundo”, conta, ao Dinheiro Entrevista.
“Quando eles olham isso, eles olham com bons olhos, e aí a gente tenta espelhar cada vez mais como é que o PayPal consegue se inteirar e trazer também essa facilidade pro consumidor. Mas todos olham e falam assim: ‘é um feito muito difícil de um país conseguir fazer algo que permeie diversas instituições’. É realmente visto como ‘uau, que democratização, que capacidade tem um país de poder entregar isso pra sua população'”, completa o executivo.
‘Pix não é concorrente’
Saura avalia que a empresa não enxerga o Pix como um concorrente direto, e que atualmente a empresa tem como uma das suas principais pautas avaliar como desenvolver tecnologias dentro do sistema, incluindo uma futura jornada de tokenização.
“O Pix é um caso de sucesso global. Acho que tem uma democratização por trás do Pix que o regulador trouxe, o Banco Central trouxe, que é muito legal, é um caso muito legal e o PayPal vê isso com ótimos olhos, porque eu acho que o papel do PayPal sempre foi como é que a gente democratiza, como é que a gente disponibiliza e conecta e realiza esses pagamentos com facilidade e de maneira nenhuma vê como um um concorrente, mas muito mais uma inovação pro mercado”, avalia.
Em breve a companhia passará a trabalhar com o sistema criado pelo BC como um processamento de pagamentos e oferecendo para as empresas que elas possam utilizar Pix com a ajuda do PayPal. A gestão da empresa já discute o tema ‘há muito tempo’, mas ainda deve entrar de vez nessa seara nos próximos meses.
‘Crossborder é o nosso arroz com feijão’
A agenda de inovação do Banco Central – chamada de Agenda BC# – mira eventuais transações que não tenham mais limites fronteiriços. Em outras palavras, pagamentos e transações instantâneas de um país para o outro.
Atualmente o PayPal considera que esse tipo de transação é o seu ‘arroz com feijão’, segundo Saura – que foi o que fez a companhia aumentar sua capilaridade, atualmente em mais de 200 países.
Todavia, esse tipo de transação só funciona entre duas pessoas que já são clientes e possuem contas no PayPal.
PayPal entrou no ramo de adquirência
Em meados de junho a companhia entrou no ramo de adquirência e, nesse campo, ‘não tira nada da mesa’, segundo Saura. Em outras geografias a companhia já teve cartão físico e, no Brasil, não descarta a ideia de eventualmente ter sua própria maquininha.
“Então [maquininha] está dentro das possibilidades. Mas eu acho que o papel da adquirência para a gente aqui, é como a gente melhora a qualidade dos serviços que a gente entrega para o vendedor. No final das contas é sobre como criar uma melhor aprovação, um melhor fluxo, o fluxo para o vendedor”, explica.
Essa nova vertente de negócio vem em meio a um plano de expansão global que mirou prioritariamente a Europa e agora tem foco na América Latina.
A empresa atua no Brasil desde meados de 2011 com sua carteira digital e tem aumentado o leque de produtos em um passado recente. A operação do PayPal em solo brasileiro conta com quase 200 funcionários e coloca o país dentre os mais relevantes da América Latina para a operação global da companhia.