Apesar da popularização da Inteligência Artificial (IA) e das teses de que periféricos podem ser tornar dispensáveis com isso, o General Manager da Dell no Brasil, Diego Puerta, acredita em um fortalecimento da indústria de computadores pessoais (PCs).

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A tese é de que, com o advento dos agentes de IA, chatbots e ferramentas análogas, o PC deve seguir com protagonismo dentro do ambiente corporativo.

“O PC é e vai continuar sendo a grande ferramenta de produtividade – mesmo que tenha outros devices que tragam conectividade. O PC é o que traz a produtividade. Os trabalhos são realizados onde acontecem as grandes transformações, por isso acreditamos que o PC continua sendo o eixo fundamento do ambiente corporativo”, afirma o General Manager da Dell em entrevista à IstoÉ Dinheiro.

Nos últimos dez anos o mercado de PCs sofreu uma retração relevante, saindo de cerca de 300 milhões de unidades em meados de 2014-15 para 262 milhões no acumulado de 2024, representando uma queda de mais de 30 milhões, segundo dados do International Data Corporation (IDC).

Essa tendência de queda alcançou um ponto notável em 2023. O Gartner, outra consultoria, relatou que as remessas totais para o ano foram de 242,3 milhões de unidades, registrando o volume mais baixo em sua série histórica. Simultaneamente, a IDC reportou 252 milhões de unidades remessas para o mesmo ano.

O primeiro trimestre de 2023, em particular, refletiu a correção do mercado pós-pandemia, com o Gartner documentando uma queda de 30% nas remessas em relação ao primeiro trimestre de 2022.

Apesar da queda de longo prazo, ambos os relatórios apontam para uma estabilização e um crescimento modesto para 2024. A IDC e o Gartner projetam taxas de crescimento anuais de 1,0% e 1,3%, respectivamente, para o total de 2024 em comparação com 2023.

Os analistas atribuem a recuperação a fatores como o ciclo de atualização de hardware impulsionado pelo fim do suporte ao Windows 10 e a introdução de novos modelos de PCs com capacidades de Inteligência Artificial (AI PCs).

Puerta, da Dell, frisa justamente que espera que o mercado ‘cresça ainda mais com as possibilidades que IA traz’.

“Com o advento da IA, o PC passa ter um papel ainda ias relevante, seja através de um IA PC que em que você consegue extrair valor dos dados do seu PC sem estar conectado, seja como usuário, gerindo e analisando dados da solução de IA da sua companhia. PC vai ser um eixo fundamental desse novo mundo acelerado pela IA.”

Atualmente a companhia domina uma fatia de 15% de market share global de notebooks e computadores pessoais. Essa fatia sobe para 22% olhando somente para o mercado doméstico, no qual a Dell é líder, e ultrapassa 25% em se tratando do mercado corporativo.

‘Grande disrupção de IA ainda está por vir’

O executivo da Dell ainda destaca a grande disrupção a ser gerada pela Inteligência Artificial ainda está por vir. Em uma analogia com a evolução dos celulares, aponta que estamos no momento em que ‘o smartphones foram lançados, mas os apps que transformaram nossa experiencia ainda não foram lançados’.

“Indústrias como da hotelaria e de transportes, com Uber e Airbnb, ainda não aconteceram no mundo de IA. Ainda terá muita coisa interessante acontecendo. Ou seja, estamos apenas no começo de uma jornada que será a mais transformadora destas recentes ondas de tecnologia”, diz.