Nem oferecendo carro e salários extras a General Motors conseguiu convencer trabalhadores a aderirem a um programa de demissão voluntária (PDV). Na fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, onde o programa de saídas incentivadas terminou na quarta-feira, 40 funcionários se inscreveram. Em São José dos Campos (SP) foram 60 adesões e o PDV foi prorrogado até esta sexta-feira, 13.

Os números foram divulgados pelos sindicatos dos metalúrgicos locais e não confirmados pela GM. Os PDVs tinham como alvo o pessoal que está em lay-off (contratos suspensos temporariamente), considerados excedentes pela empresa em razão da fraca demanda por veículos e queda da produção.

Na unidade de São Caetano há 950 funcionários em lay-off, com retorno previsto para abril e 798 na de São José dos Campos, que voltam hoje à fábrica.

“O trabalhador quer o emprego”, diz Antônio Ferreira de Barros, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. “Ele vê essa situação de bancarrota, de recessão econômica, de demissões e pacotes de maldade do governo e quer manter seu emprego”.

O PDV nas duas fábricas foi aberto no dia 3 e oferecia aos trabalhadores com restrição médica um automóvel Prisma (que custa cerca de R$ 45 mil), até 24 salários extras, dependendo do tempo de casa e dois anos de plano médico. No caso da GM de São José, grande parte do pessoal do lay-off está nessas condições, informa Barros.

Para trabalhadores prestes a se aposentar, além de alguns benefícios a GM bancava o período que falta para a aposentadoria, no limite de 12 meses. Para os demais, o pacote previa em média cinco salários a mais.

Segundo Barros, o grupo que retorna hoje do lay-off, que teve duração de cinco meses, tem garantia de emprego por seis meses, mas os demais não. A unidade emprega 5,3 mil pessoas. “Se tiver qualquer demissão, vamos parar a fábrica”, diz.

Também estão com PDVs abertos a Volkswagen, em São Bernardo do Campo, e a Renault de São José dos Pinhais (PR).

Carnaval

Com produção em queda e estoques ainda elevados, várias montadoras vão dispensar os trabalhadores durante toda a semana do carnaval. São os casos da GM em São Caetano, da Ford em São Bernardo do Campo, Taubaté e Camaçari (BA) – está última para ajustes na produção – da MAN em Resende (RJ) e da Scania, em São Bernardo. A Mercedes-Benz dará folga prolongada para 2 mil trabalhadores do ABC.

“O mercado continua fraco e teremos um mês de fevereiro difícil”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. Ele lembra que o período do carnaval vai pesar na comparação, já que em 2013 este feriado ocorreu em março.

Em janeiro, as vendas de veículos caíram 18,8% ante igual mês de 2014, para 253,8 mil unidades. A produção recuou 13,7%, para 204, 7 mil veículos. Em 12 meses foram cortadas 12,8 mil vagas nas fábricas de veículos e máquinas agrícolas. O setor emprega 144,1 mil pessoas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.