O consumidor entra na loja de celulares num shopping e, ao lado da prateleira de produtos, depara com um computador ligado na Internet. Depois de navegar por alguns segundos, encontra o produto que procurava. O preço, todavia, é um pouco salgado e ele reclama. Um vendedor se aproxima, toma conta do mouse e clica num minúsculo ponto vermelho, escondido num canto da página. Imediatamente, uma janela aparece e o funcionário digita uma senha. O valor diminuiu e cai no gosto do freguês. Soluções como essa estão fazendo o sucesso de uma pequena empresa, a Ezconet, em São Paulo. Prova viva de que nem só de grandes nomes vive o comércio eletrônico nacional. Com pouco mais de um ano de vida, a companhia já colocou 50 sites de venda direta ao consumidor no ar. No final de 2000, fechou um acordo com a Motorola para construir sua loja virtual, que estreou no início deste ano. A aparência do site, as ferramentas de compra, o transporte de informações, o faturamento e a distribuição ficam por conta da Ezconet, que foi fundada pela figura carismática do judeu Clement Aboulafia, de 47 anos, vendedor nato e idealizador da ferramenta da pechincha. ?O que mais você gosta de fazer quando vai às compras??, pergunta.

Físico, ele abriu com a irmã a agência de viagens TTT, na década de 80. Nove anos mais tarde, fundou uma distribuidora para equipamentos de rede, que com o tempo foi somando ao seu leque de produtos, celulares, telefones sem fio, rádios de comunicação e micros de mão. Fundava assim a Ezcony, localizada no bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo, que abastece 4 mil revendas no País. Em janeiro de 2000, Aboulafia foi além. Com plano de negócios ?embaixo do braço?, foi atrás de investidores para uma nova idéia. Conquistou vários, segundo ele, e fechou com um. Seis meses mais tarde, a Ezconet, com 35 webdesigners, programadores e analistas, entregava o seu primeiro pedido on-line. No sistema, a loja sequer precisa manter um estoque espaçoso de produtos. A cada venda, ela ganha uma porcentagem sobre o valor total. ?Hoje sou uma empresa de tecnologia, de logística, de faturamento e treinamento?, orgulha-se Aboulafia. O ?treinamento?, no caso, é o aprendizado que os diversos vendedores podem ter com as informações sobre produtos contidas nos diversos sites. Seu maior negócio, o site Motorola Direct, cresce 20% em vendas a cada mês. ?A meta é chegar a 10% das vendas totais?, diz Fábio Guimarães, gerente de comércio eletrônico da Motorola na América Latina. E Aboulafia prepara o próximo grande passo. Um novo acordo com outro fornecedor de aparelhos celulares está em plena negociação. O nome ele prefere manter em segredo.