11/03/2023 - 8:30
Pelo menos sete militares tiveram protagonismo nas ações do governo Jair Bolsonaro para entrar ilegalmente com as joias dadas pelo regime saudita no Brasil ou para tentar reaver os itens apreendidos.
O caso teve início com o então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Almirante de esquadra, ele representava Jair Bolsonaro na comitiva que, em outubro de 2021, esteve em Riad, na Arábia Saudita, e recebeu os presentes que seriam entregues, como ele próprio declarou, ao então presidente e à primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Com Albuquerque, estava Marcos André dos Santos Soeiro. Tenente da Marinha, Soeiro era o assessor naquela comitiva e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, pela Receita, ao tentar entrar no País sem declarar os bens.
+ Rígida e casada com vereador bolsonarista: quem é a procuradora do caso das joias
Depois da apreensão, um novo bloco de militares foi acionado por Bolsonaro para tentar recuperar as joias. José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar os diamantes retidos em Guarulhos.
PRESSÃO
Na Receita, o caso chegou ao então chefe do órgão, Julio Cesar Gomes. Ex-oficial da Marinha, ele chegou ao cargo um mês depois de as joias terem sido apreendidas. Próximo da família Bolsonaro, Gomes fez diversas incursões para tentar resgatar os itens estimados em R$ 16,5 milhões. O ex-secretário da Receita pressionou servidores de vários departamentos do órgão, por meio de mensagens por WhatsApp, e-mails e telefonemas.
Dentro do Planalto, Bolsonaro também acionou militares. Mauro Cid, tenente-coronel do Exército, solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”. À frente da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Cid teve apoio de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Cid também enviou um emissário a Guarulhos, em avião da FAB, para tentar retirar as joias para Bolsonaro. A tarefa foi dada a Jairo Moreira da Silva, primeiro-sargento da Marinha.
Em nota, a Marinha disse que “o assunto está sendo apurado fora do âmbito” da Força. O Exército e o Ministério da Defesa não comentaram até a noite de ontem.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.