Se você é fã de automobilismo, sabe que Roger Penske é uma lenda: dono da equipe de Fórmula Indy que leva seu sobrenome, já teve em seus bólidos os brasileiros Emerson Fittipaldi e André Ribeiro. Penske, ele próprio, também foi recordista das 500 Milhas de Indianápolis, com 13 primeiros lugares. O que poucos sabem é que o rei do circuito oval mais famoso do mundo também é empresário. E um empresário que está de olho vivo no Brasil. O americano de 68 anos, fundador da Penske Logistics acaba de comprar o controle da paulista Cotia Penske, operadora logística responsável no país pelo transporte de grandes empresas como a General Motors, Ford, HP e Sony. O valor do negócio não foi revelado.

Vincent W. Hartnett Jr, presidente da Penske Logistics, estará em São Paulo no próximo dia 23 para anunciar a compra. A Cotia Penske – uma joint venture entre a brasileira Cotia Trading e a companhia americana formada em 1998 ? agora passa a ser totalmente uma empresa da Penske Corporation, conglomerado com faturamento na casa dos US$ 14 bilhões ao ano, que reúne equipe de corridas, concessionárias de automóveis, fábricas de faróis, de filtros de combustíveis, franquias de lojas de carros e uma companhia de leasing de caminhões. A meta da multinacional é ampliar os negócios de logística, não só no Brasil, mas em toda a América do Sul, principalmente em países como Argentina, Chile e Uruguai, onde ainda não opera. Poder de fogo não falta. A Penske Logistics é uma das dez maiores do setor no mundo, com atividade nos Estados Unidos, México e Europa. Tem mais de 12 mil caminhões, 9,2 milhões de metros quadrados de armazéns e 300 centros de distribuição. E dinheiro tambén não falta: a gigante General Eletric, por meio da GE Capital, é sócia de Penske, com 79% de participação. Os outros 21% pertencem ao ex-campeão de Indianápolis.

Mas o que explica a decisão de investir num país onde as estradas estão em estado deplorável e as quadrilhas de roubo de carga fazem a festa? Quem conhece Roger Penske sabe que ele gosta de riscos. Aos 15 anos, o garoto Roger comprava carros velhos, reformava-os e vendia-os com boa margem de lucro. Ao longo de sua vida, o empresário continuou adquirindo negócios que não iam bem, reestruturando as companhias e vendendo-as, assim como fazia com os carros. Claro que esse não é o caso da operadora logística da Cotia, que vem apresentando bons resultados. Desde sua formação, ela cresce de 10% a 15% ao ano, chegando a faturar R$ 66,4 milhões anuais. O problema está na infra-estrutura brasileira, que não tem nada a ver com o asfalto liso dos autódromos aos quais Penske está acostumado. Será um desafio e tanto por aqui.

?Nunca participei dos negócios de logística do Roger. Não entendo desse setor. Mas sei que ele é um empreendedor inteligente e uma pessoa globalizada, que se adapta facilmente às condições dos países onde atua?, afirma o piloto André Ribeiro, hoje parceiro de Penske na UnitedAuto, rede de lojas de automóveis, com três unidades no Brasil. Da mesma opinião é o campeão Emerson Fittipaldi, piloto da Penske por sete temporadas (de 1990 a 1996) e amigo pessoal do empreendedor. ?Se ele está investindo no Brasil, sabe que o negócio vai dar certo?, garante o piloto veterano.

Para a Cotia Trading, segundo analistas do mercado, a venda também foi benéfica, já que a companhia, devido ao crescimento das exportações, já vinha há algum tempo considerando a hipótese de se desfazer da parte logística. A estratégia é focar-se apenas em sua atividade principal: o comércio internacional. Só no ano passado, a Cotia ? segunda maior do setor no país, perdendo apenas para Cisa Trading – faturou R$ 1,160 bilhões, contra R$ 709 milhões de 2003 ? um crescimento de 64%. A meta para esse ano é passar a barreira do R$ 1,5 bilhão. Outro fator que beneficia a trading é o acordo feito entre as partes para fechamento da venda. A Penske se comprometeu a dar preferência à Cotia quando precisar de serviços de importação e exportação, dentro da área de atuação da companhia brasileira. Já a Cotia dará prioridade à americana, quando necessitar serviços de logística em localidades nas quais está presente. Como numa equipe de F?Indy.