29/02/2012 - 21:00
Pouca gente sabe, mas o Panamá é muito mais do que o canal homônimo, elo marítimo do Atlântico ao Pacífico. O pequeno país da América Central, com pouco mais de 3,4 milhões de habitantes, trilha seu caminho para se tornar um paraíso dos endinheirados e concorrer com Miami, a meca das compras no continente, e até com a suntuosa Dubai, por seus imponentes arranha-céus. Com belas praias, luxuosos shoppings, hotéis estrelados, restaurantes de alta gastronomia e diversos cassinos, o Panamá quer se firmar como um destino de sofisticação e agradar aos turistas mais exigentes. O esforço do governo local – investindo em propagandas, seguro-saúde gratuito para os turistas e parcerias com companhias aéreas, como a panamenha Copa Airlines – tem trazido resultados, principalmente em relação ao Brasil.
Ocean’s Trump Tower, da rede hoteleira do magnata Donald Trump,
foi inspirado na arquitetura de Dubai. O prédio mais alto e luxuoso
da Cidade do Panamá compõe um cenário moderno e
de imponentes arranha-céus.
Só no ano passado, mais de 40 mil brasileiros visitaram o local. No total, mais de dois milhões de pessoas escolheram o país como destino turístico, um aumento de 10% em relação a 2010. O interesse do Panamá se justifica: os gastos dos turistas brasileiros no Exterior chegaram a US$ 21,2 bilhões no ano passado, um aumento de 29,2% em 12 meses. O turismo é uma das principais fontes de renda do país, perdendo apenas para o pedágio do Canal do Panamá, que chega a faturar até US$ 8 milhões por dia. O país também se destaca pelas compras. Ir à Cidade do Panamá e voltar de malas vazias é praticamente impossível. O imposto sobre consumo de apenas 7%, semelhante ao de vários Estados americanos, faz com que os preços sejam bastante atrativos.
Eletrônicos, roupas, sapatos e perfumes chegam a custar metade do que é cobrado no Brasil. A moeda americana é tão utilizada quanto a balboa, dinheiro local que vale o mesmo que US$ 1. A Zona Livre de Cólon oferece produtos isentos de taxas, mas, por estar longe da cidade e dar prioridade ao atacado, torna-se menos interessante do que o shopping Multiplaza, que abriga marcas de luxo como Louis Vuitton, Salvatore Ferragamo, Fendi, Oscar de La Renta e Hermès, entre outras. Para receber os mais abonados que vão ao Panamá por lazer ou a negócios, as redes hoteleiras locais contam com hospedagens para todos os gostos. Localizado na capital, o Ocean’s Trump Tower, que custou US$ 400 milhões para o magnata americano Donald Trump, é uma das novidades do turismo de luxo na Cidade do Panamá.
Parece miami, mas não é: a Cidade do Panamá, com baixo imposto sobre consumo,
quer se tornar um destino ideal para as compras.
Encravado na suntuosa península de Punta Pacífica, o hotel de 70 andares exala luxo em sua decoração. O cardápio de seus restaurantes e bares está disponível em iPads customizados. O cuidado com os hóspedes é tamanho que, ao entrar no quarto, a bela Ivana Trump, filha do empresário, deseja boas-vindas diretamente de uma televisão LCD. “Somos o único hotel seis-estrelas do Panamá”, diz Jose Manuel Barreda, gerente internacional de vendas do Ocean’s Trump. Para resolver a carência de praias para banho – já que as mais próximas ficam a meia hora da cidade –, o hotel tem não uma, mas cinco piscinas. Hóspedes para desembolsar até US$ 5 mil dólares por noite, como no caso da suíte presidencial, não faltam. Desde a inauguração, há sete meses, 70% de seus 368 apartamentos vivem ocupados.
“E os brasileiros estão entre os quatro principais grupos de hóspedes”, afirma Barreda. “Só ficam atrás dos americanos, canadenses e mexicanos.” A meia hora do Ocean’s Trump, localiza-se outra hospedagem de luxo, procurada pelos amantes da natureza. O Gamboa Rainforest Resort, com linda vista para o rio Chagres e o Canal do Panamá, tem 163 quartos espaçosos por diárias de até US$ 800. O local conta também com spa, piscina, restaurantes e passeios de barco e teleférico – os últimos não incluídos na tarifa. “Hoje, os hóspedes querem ambientes distintos dentro do mesmo hotel, para não ter de se locomoverem muito”, afirma Antonio Manfredonio, diretor-corporativo de vendas e marketing do grupo Bern, com nove hotéis na região, entre eles o Gamboa.
Praia e cidade: em sentido horário, vista panorâmica da Cidade do Panamá no Ocean’s Trump Tower,
uma das praias de Bocas Del Toro, no lado caribenho, e a luxuosa piscina do Buenaventura.
Para os turistas que preferem ficar pertinho da praia, o Bristol Buenaventura, a 80 minutos da capital, é uma boa opção. A arquitetura do resort, que abrange uma área de quatro quilômetros, foi inspirada nos vilarejos espanhóis. É possível escolher entre dois tipos de hospedagem: os apartamentos – que custam US$ 400 a diária – ou as villas, residências mais afastadas e com espaço maior para lazer – por US$ 2 mil. O hotel não é exatamente pé na areia, mas conta com sistema interno de locomoção, levando os hóspedes até o requintado El Faro, um misto de restaurante e clube, onde é possível almoçar ou jantar à beira da piscina ou, ainda, caminhar até a reservada praia banhada pelas águas do Pacífico, logo em frente. Já do lado caribenho, o destaque fica para as ilhas Bocas del Toro, a 45 minutos de avião da Cidade do Panamá.
As ilhas com pouco mais de dez mil habitantes surpreendem com suas praias de águas transparentes e vida noturna agitada – repletas de jovens interessados na prática de mergulho e surfe. A hotelaria do arquipélago não é conhecida pelo requinte, mas oferece estadias agradáveis e de bom gosto. Quem prefere lugares mais exclusivos deve conhecer as villas do Red Frog Beach, na Isla Bastimentos, acessível apenas por barco. O resort levou esse nome por seus famosos sapos vermelhos que medem de 1 a 5 centímetros. Suas residências, que podem custar até US$ 2 mil por dia, abrigam até oito pessoas e oferecem piscinas e cozinhas equipadas, além de serviços de luxo, como chefs exclusivos para cada villa. Destinos e opções para agradar aos mais diversificados turistas não faltam no surpreendente Panamá. Em tempo: o Canal vai bem, obrigado. E está sendo duplicado.