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Na corretagem e nos fundos, cobrança de honorários pode ser reduzida

Uma das poucas certezas inevitáveis que se tem quando se decide por um investimento em ações é a cobrança de taxas que nem mesmo o investidor mais esperto consegue burlar. Emolumentos, taxa de custódia e a famosa corretagem são alguns dos custos que se deve arcar para obter ganhos no mercado acionário.

Mesmo não podendo evitá-las, é possível trabalhar com a menor ou a mais conveniente de todas elas. O mercado está ávido por novos investidores e as corretoras faturam mais à medida que o número de negociações aumenta. Como elas têm concorrido cada vez mais entre si pelo cliente de varejo – são mais de 550 mil investidores cadastrados na BM&FBovespa -, há uma certa guerra de preços no ar. Você pode aproveitar esse momento para rever os custos de operação e manutenção de sua carteira. A mordida das instituições, por menor que seja, pode ser suavizada, com grandes repercussões nos seus ganhos em longo prazo.

A barganha foi a alternativa utilizada pelo economista mineiro Walisson Prata para conseguir uma taxa mais interessante para o clube de investimentos que desejava montar. “Fiz um estudo sobre quanto as corretoras estavam cobrando e consegui que uma delas cobrisse o menor custo de corretagem”, conta ele. A corretora em questão é a SLW.

Prata argumentou que iria operar volumes mais altos e obteve um desconto de 70% no custo de negociação. A taxa normalmente cobrada pela corretora é a do chamado Padrão Bovespa (leia quadro na pág. 88), um modelo utilizado por grande parte do mercado.

Nele, a cobrança é feita conforme o volume financeiro envolvido. Um exemplo são as aplicações acima de R$ 3.029, em que a corretora morde 1,5% do valor investido, além de R$ 25,21 por ordem executada. “Nas corretoras que cobram pela tabela Bovespa é mais fácil conseguir desconto do que

naquelas que utilizam um preço fixo por operação”, adverte o economista. Ao contrário do que muitos pensam, a tabela Bovespa não é um requisito da BM&FBovespa. Segundo a bolsa, trata-se de um modelo de cobrança criado há mais de uma década pela própria instituição, que depois o abandonou.

Quanto mais rápido for o giro das carteiras de ações, maior é o custo final de negociação. Os investidores que fazem day trade (compra e venda no mesmo dia) e buscam pequenos ganhos percentuais por operação procuram gastar menos com a corretagem que os investidores de longo prazo. Entre as instituições que cobram preço fixo, algumas das mais baratas são a Link, a Wintrade e a Tov, todas com corretagem em torno de R$ 5 por ordem executada. Segundo Roberto Lee, diretor da Wintrade, a corretagem fixa é mais fácil de controlar. “O mundo inteiro adota esse modelo. Centavos e cálculos percentuais dificultam o entendimento do investidor”, diz Lee. A Wintrade cobra R$ 5 por ordem executada no mercado fracionário. Para lotes inteiros, a taxa cobrada sobe para R$ 20 e, no mercado de opções, é de R$ 10 por operação. Já na Link, a corretagem foi reduzida recentemente de R$ 18 para R$ 4,40 no mercado fracionário. “Obviamente não podemos reduzir tanto a ponto de inviabilizar nosso custo de operação”, afirma Norberto Giangrande Junior, sócio da Link. “Fizemos uma estimativa de quantos clientes podemos conquistar e R$ 4,40 é o suficiente. Não é necessário cobrar mais”, afirma. Apesar da redução, a prestação de serviços de análise financeira, notícias e outros serviços oferecidos continuam sendo fornecidos ao investidor. Segundo Giangrande, algumas corretoras diminuem as taxas, mas também os serviços. Muitos investidores, no entanto, não se importam em pagar mais pela comodidade de operar sua conta de investimentos no próprio banco no qual possui conta-corrente. A transferência de valores é mais rápida e fácil, mas nem sempre o valor de corretagem é o menor. “Nesse caso, entra em jogo a confiança do investidor na instituição em que ele investe seu dinheiro. Alguns topam pagar mais pela segurança”, afirma o professor de finanças do Insper, Ricardo Almeida.

Sabendo disso, os bancos também cobram dos investidores de varejo taxas elevadas de administração dos seus fundos de investimento. Quem tiver tempo e paciência pode comparar os fundos de várias instituições para escolher os que custam menos e apresentam estratégias e rendimentos semelhantes entre si. Nesse caso, é bom separar as coisas em dois mundos: o dos fundos ativos e o dos passivos. Para quem procura fundos DI e de renda fixa, que exigem pouca intervenção do gestor na composição da carteira, as taxas de administração cobradas para aplicações iniciais de R$ 5 mil são, em média, de 2% ao ano. Como a maioria desses fundos possui uma grande quantidade de títulos públicos, a rentabilidade deles é semelhante à taxa Selic, atualmente em 10,25% ao ano.

Dessa rentabilidade, deve ser descontada a taxa de administração de 2% para se chegar ao retorno bruto de 8,25%. O cálculo do Imposto de Renda (IR), que varia de 15% a 22,5% dependendo do tempo de permanência no fundo, sobre esse retorno mostra quanto o investidor colocará no bolso. Se ele permanecer por menos de seis meses, por exemplo, irá pagar 22,5% de IR e assegurar 6,4%, um retorno menor que o gerado pela poupança. “A taxa de administração faz toda a diferença nos casos de fundos passivos”, diz William Eid Jr., professor de finanças da FGV-SP.

Os fundos ativos em ações e multimercados devem ser analisados de maneira diferente. A taxa de administração é menos importante do que o retorno. O importante, aqui, é quanto o gestor entrega. “A taxa de administração deve ser entendida como o pagamento de um serviço prestado”, afirma Pedro Lérias, gestor da Verax Serviços Financeiros. “Se o serviço for bom, não importa quanto se paga”, completa ele. Nem sempre é assim. O fundo Sparta Cíclico esteve durante muito tempo entre os multimercados mais rentáveis. A cobrança de 4% parecia irrelevante para quem gerava ganhos na casa dos dois dígitos. Nas últimas três semanas, uma reviravolta derrubou a rentabilidade do fundo, que agora está 10% no vermelho.

Em todos os casos, o investidor deve comparar a taxa de administração e a rentabilidade dos concorrentes. Cada ponto percentual economizado se transforma em uma pequena fortuna no longo prazo. Numa aplicação de R$ 100 mil por dez anos, por exemplo, o investidor pode ganhar R$ 14 mil a mais se pagar um ponto percentual a menos de administração – isso, considerando-se juros de apenas 6% ao ano. “É no longo prazo que a taxa de administração faz muita diferença”, diz Eid Jr.

 

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Fonte: corretoras

*Valor para operações no mercado fracionário **Desde que o cliente realize 4 operações/mês *** Do valor investido