O hangar de número 2 do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, apresentou uma movimentação insólita na semana passada. Em vez do vai e vem dos aviões, assistiu-se a uma excursão de terno e gravata na sede da Líder Aviação, empresa que freta e vende jatos executivos. A todo momento, empresários chegavam ao local e eram recebidos com mimos especiais. Atendimento exclusivo, menu diferenciado e tapete vermelho. O motivo de tanta produção? A empresa mostrou o Hawker Horizon, o novo jato da americana Raytheon. A máquina de médio porte, avaliada em US$ 18,9 milhões, é a nova aposta da empresa no segmento de modelos de luxo. ?Convidamos 20 executivos e empresários para conhecer a aeronave?, diz Marcelo Marangon, diretor da Líder Aviação, a representante da Raytheon no Brasil. ?Acreditamos que dois deles comprarão?.

A expectativa com o Hawker Horizon é grande. Primeiro porque se trata de uma aeronave dotada da mais alta tecnologia com uma autonomia de vôo de 8 horas e que alcança uma velocidade de 870 km/h. Depois porque o mercado dá sinais de crescimento. Desde 2001, o setor evoluiu a uma taxa de 2,5% ao ano no Brasil. Para 2005, prevê-se 5%. Cada percentual a mais significa milhões de dólares. De acordo com a consultoria americana Teal Group, entre 1995 e 2004 foram entregues, em todo o mundo, 5.462 aviões executivos totalizando US$ 80,9 bilhões. Para os próximos dez anos, estima-se que serão outros 7.400 jatos. Isso representa US$ 106,7 bilhões. Em todo o bolo, a participação do Brasil ainda é tímida. Enquanto o mercado mundial movimenta US$ 8 bilhões ao ano, o País responde por US$ 300 milhões. A frota americana é de 6 mil jatos. Já a brasileira é de apenas 300 aviões. Há, portanto, espaço para desenvolver o mercado, e é nele que todos se amparam.

Hoje existem 2,7 mil pistas de pouso no Brasil. Deste total, 120 são usadas pela aviação comercial. Ou seja, um empresário que tem negócios em várias cidades não consegue visitar seus clientes e vistoriar o desempenho de sua empresa em um único dia. Com um avião particular, contudo, isso é possível. Outro ponto favorável para a expansão do setor no País é a nova onda de jatos menores e mais baratos. ?Eles são a porta de entrada no mundo da aviação executiva para muitas empresas?, diz Adalberto Febeliano, vice-presidente da Abag, entidade que representa o setor no País. A Embraer acaba de anunciar a criação de um avião que custará US$1,5 milhão, com lançamento em 2007. A americana Cessna já vende o Mustang, um modelo ?popular?. Com capacidade para cinco passageiros, ele custa US$ 2,4 milhões. O que o torna atrativo é o financiamento com uma entrada de US$ 360 mil e parcelas de US$ 21 mil em dez anos. ?Vamos entregar 21 aviões até 2009?, diz Rui Thomas de Aquino, presidente da TAM Jatos Executivos, representante da Cessna no Brasil. O céu é de brigadeiro para um pequeno grande negócio.

Os números do ar

US$ 8 bilhões
é quanto movimenta o mercado mundial de aviação executiva
US$ 300 milhões
é o tamanho do
mercado brasileiro

Os líderes do setor
Gulfstream (EUA) 25,3%
Bombardier (Canadá) 23,5%
Dassault (França) 18,7%
Raytheon (EUA) 11,2%
Embraer (Brasil) 3%

 Fonte: Teal Group