As perdas seguradas causadas por catástrofes naturais em todo o mundo chegaram a US$ 108 bilhões (o equivalente a R$ 537,6 bilhões) no ano passado, de acordo com o Swiss Re Institute. Foi o quarto ano consecutivo em que as perdas ultrapassaram a casa dos US$ 100 bilhões, e levantamento do instituto aponta que, com as mudanças climáticas, as perdas devem aumentar.

Em 2023, o evento de maior perda foi o terremoto que atingiu a Síria e a Turquia em fevereiro, com perdas cobertas por seguro estimadas em US$ 6,2 bilhões. O levantamento aponta que o fator que impulsionou a perda total em todo o mundo foi a maior frequência de eventos catastróficos, em especial as tempestades mais severas.

Foram ao todo 142 catástrofes naturais com perdas seguradas, um novo recorde. A maior fatia, 30 eventos, teve severidade média, com perdas entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões. Destes 30, 21 foram tempestades severas, número que também foi recorde.

O Swiss Re Institute aponta que as perdas seguradas podem dobrar nos próximos dez anos com o aumento das temperaturas e, consequentemente, dos eventos climáticos extremos associados a elas. Nos últimos 30 anos, as perdas seguradas decorrentes de catástrofes naturais cresceram em média 5,9% ao ano, enquanto o PIB global teve alta de 2,7% ao ano.

“Mesmo sem uma tempestade histórica da escala do furacão Ian, que atingiu a Florida no ano anterior, as perdas globais por catástrofes naturais em 2023 foram graves. Isto reafirma a tendência de perdas nos últimos 30 anos que tem sido impulsionada pelo aumento de ativos em regiões vulneráveis a catástrofes naturais”, afirma em nota o economista-chefe do Swiss Re Group, Jérôme Jean Haegeli.

“Tempestades mais violentas e inundações maiores alimentadas pelo aquecimento do planeta deverão contribuir mais para as perdas. Isto demonstra quão urgente é a necessidade de ação, especialmente quando se leva em conta a inflação estruturalmente mais elevada que fez com que os custos pós-catástrofe disparassem”, diz.

CEO global de clientes e soluções da Swiss Re, Moses Ojeisekhoba, afirma que as economias precisam se concentrar na redução do potencial de perdas. “À medida que os perigos climáticos se intensificam devido às alterações do clima, a avaliação de riscos e os prêmios de seguro têm de acompanhar o cenário de risco em rápida evolução.”