O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Marcio Rae, já trabalha com a possibilidade do período úmido este ano ter um mês de atraso, passando de outubro para novembro. Mas garante que, mesmo que isso ocorra, o Sistema Interligado Nacional (SIN) está preparado para abastecer o País com tranquilidade.

Até o momento, destacou Rae, não existe discussão sobre a implantação do horário de verão este ano, “mas a gente já está enxergando uma condição favorável de umidade, e a nossa expectativa é que transcorra essa transição (do período seco para o chuvoso) dentro de uma normalidade”, afirmou Rae após o 1º Prêmio ONS de Qualidade na Operação. “O sistema está preparado para garantir o atendimento seguro, confiável, mesmo numa situação de atraso na entrada do período úmido”, acrescentou.

Normalmente, o período seco no Brasil começa em abril e termina entre a segunda quinzena de outubro e o início de novembro. Como a expectativa é de um atraso maior do que o normal, o ONS vem tomando medidas como a estocagem de água dos reservatórios das hidrelétricas em pontos estratégicos do SIN como, por exemplo, a água estocada na hidrelétrica de Tucuruí, uma das maiores do País, localizada no rio Tocantins, no Pará.

Curtailment

Presente no evento, o diretor de operação do ONS, Christiano Vieira, informou que dentro de um mês deve ficar pronta a análise sobre uma solução para amenizar o curtailment (cortes de geração), que tem trazido prejuízo para os operadores de energia renovável. Segundo ele, na terça-feira, 30, uma reunião na Comissão de Infraestrutura do Senado sobre o tema reuniu 16 agentes do setor, “a maior reunião já realizada”, informou Vieira.

“A gente agora vai trabalhar com a Aneel e com a EPE para tentar achar uma solução a nível de bateria, a nível de transmissão, e a questão regulatória, que hoje é a questão mais importante. A Aneel está estudando uma alternativa para poder minimizar essa questão do curtailment, não só em uma área, mas em uma área maior”, informou Vieira.

De acordo com o diretor, será criada uma regulação específica que permita ao ONS solicitar o corte de geração (Plano Emergencial de Corte de Geração de Distribuição) às distribuidoras para mitigar os riscos crescentes diante do aumento acelerado da micro e mini geração distribuída (MMGD). O texto, porém, ainda deverá passar pelo Congresso, explicou.

O objetivo é atingir as usinas classificadas como tipo III, que não possuem programação nem despacho centralizados e, por este motivo, não possuem relacionamento operacional com o ONS, como as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e a geração distribuída.

“A gente então está dependendo agora desta regulação junto aos distribuidores, às distribuidoras, para que a gente possa poder ter o controle dessa energia. E a tendência é cada vez crescer mais. Então, a gente está bem preocupado”, alertou Vieira.