08/09/2025 - 15:16
Partes de duas pernas humanas e um pé foram encontrados entre a manhã de sábado e a tarde deste domingo, 7, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A polícia vê relação entre os achados e a mulher que foi morta e teve o corpo esquartejado por um publicitário de 66 anos.
As partes foram espalhadas pela cidade. O suspeito teve a prisão decretada. De acordo com a Polícia Civil, o material será submetido a exames de comparação genética.
O suspeito não constituiu advogado. A Defensoria Pública participou da audiência de custódia na última sexta-feira, 5. Caso o acusado não constitua advogado particular, a instituição informou que seguirá na defesa do réu e se manifestará apenas nos autos do processo.
Nesta segunda-feira, 8, a polícia confirmou que a vítima do esquartejador é uma manicure de 65 anos que residia na zona norte de Porto Alegre e trabalhava fazendo unhas em salões de beleza. Identificada como Brasília Costa, ela era natural de Arroio Grande, na região sul do estado, e teria sido atraída pelo publicitário por meio de redes sociais.
O dorso dela foi encontrado dentro de uma mala, no guarda-volumes da rodoviária de Porto Alegre. O homem que deixou a mala no terminal, no dia 20 de agosto, apesar de usar disfarces, foi identificado a partir das imagens de câmeras instaladas no local.
Outras partes do corpo foram espalhadas pela cidade pelo suspeito do crime. No domingo, pescadores encontraram uma parte da perna e um pé na região da orla de Porto Alegre. No dia anterior, uma perna foi encontrada na areia da orla de Ipanema, na zona sul da capital.
Antes, em 13 de agosto, tinham sido achadas partes dos membros da vítima em dois sacos de lixo deixados em uma rua da zona leste de Porto Alegre. A perícia confirmou que o material genético desses fragmentos é compatível com o dorso que estava na mala deixada na rodoviária.
Até a manhã desta segunda-feira, 8, a cabeça da vítima, que também foi removida, não tinha sido achada.
Para o delegado Mário Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o suspeito retalhou o corpo e espalhou as partes para dificultar o trabalho da polícia.
“Ele teve o cuidado de remover as pontas dos dedos para eliminar as digitais e dificultar a identificação da vítima”, diz. As digitais deixadas pelo homem nos sacos de lixo ajudaram a identificar o suspeito. “A perícia comparou o perfil genético e coincidiu com o de um homem que havia sido condenado. Foi um trabalho técnico e muito consistente da investigação”, disse.
O delegado acredita que o publicitário se aproximou da vítima com a intenção de obter vantagem financeira. “Ele tentou usar os cartões bancários dela e movimentar as contas. Encontramos comprovantes de algumas transações e estamos extraindo dados dos celulares e do notebook apreendidos com ele.”
Condenação anterior e fuga
O publicitário Ricardo Jardim, suspeito do crime, já tinha sido condenado em 2018 por matar a mãe e concretar o corpo no interior do apartamento. Ele negou o crime, admitindo apenas que escondeu o corpo, mas pegou 28 anos de prisão. O condenado cumpriu apenas seis anos de cadeia. Em 2024, ele obteve a progressão para o regime semiaberto, mas por falta de vagas, ganhou direito à prisão domiciliar.
Quando deveria se apresentar para instalar a tornozeleira eletrônica, ele não compareceu na data agenda e foi considerado foragido. A pedido do Ministério Público, o publicitário teve a prisão decretada. Foi quando era procurado que ele teria cometido o novo crime. Em razão do descumprimento das regras do semiaberto, o publicitário regrediu para o regime fechado e, independente de eventual condenação pela morte da manicure, terá de cumprir na prisão a pena anterior.