06/04/2011 - 21:00
Aos oito anos eu experimentei caviar pela primeira vez e amei. Meu pai disse à minha mãe: ‘Estamos perdidos’.” Assim foi o primeiro contato da paulistana Patrícia Abdalla com uma das mais cobiçadas e caras iguarias da alta gastronomia.
Filha do ex-playboy e empresário multimilionário paulistano Toninho Abdalla, dono, entre outros negócios, da importadora British Car (que traz as marcas Bentley e Bugatti ao País), Patrícia, diga-se, tinha bala para cumprir sem maiores problemas a previsão do pai.
Hoje, com 27 anos e muitas latinhas das melhores procedências depois, ela resolveu transformar em negócio sua paixão, ao associar-se à também designer Adriana Tutundjian, mulher do empresário Joseph Tutundjian, sócio de Abdalla, para vender, no Brasil, a grife parisiense Petrossian. O nome batiza a mais reconhecida marca de caviar do mundo.
A primeira e, por enquanto, única butique brasileira da marca, que detém 20% do mercado mundial da iguaria, foi inaugurada na semana passada, no Shopping Cidade Jardim, uma das mecas do consumo de luxo da capital paulista.
Segundo as sócias, não serão apenas os abonados de São Paulo que poderão apreciar as pequeninas pérolas negras da Petrossian. “Em breve vamos entregar em todo o País”, diz Patrícia. Novas lojas, espalhadas pelas principais capitais do Brasil, fazem parte dos futuros planos das sócias, que também são donas da representação da marca para a América Latina. “Temos muita confiança em nossas representantes no Brasil.
Na única loja brasileira, em São Paulo, as sócias Patrícia (à esquerda)
e Adriana posam com o precioso produto de Armen Petrossian
Tanto que nossa expectativa é de que elas faturem, já no primeiro ano, cerca de 2 milhõesde euros”, diz, com exclusividade à DINHEIRO, Armen Petrossian, presidente mundial da grife. Petrossian visitou o Brasil há três anos e se apaixonou pelo pirarucu, um dos animais icônicos da fauna aquática amazônica. Atualmente a empresa importa o peixe para defumá-lo e vendê-lo em suas lojas.
Para trazer o know-how dos Petrossian, uma família de ascendência armênia, que deixou as margens do Mar Cáspio para se instalar em Paris, em 1920 (leia mais no destaque abaixo), Patrícia e Adriana participaram de um rígido treinamento na filial da empresa, em Nova York, ministrado por Alexandre, da terceira geração da família proprietária.
Além delas, também passou pela filial americana o jovem chef da Petrossian brasileira, Federico Paduan, de 23 anos. Lá, Paduan aprendeu, entre outras, a receita do famoso blini da grife – a pequena panqueca que, tradicionalmente, acompanha o caviar –, guardada a sete chaves há décadas.
Foi lá também que ele se inteirou da preparação do clube sanduíche à moda Petrossian, um dos hits dos bistrôs da família, espalhados ao redor do mundo, e os bolos de frutas, que fazem a fama do chá e do brunch da casa, entre outras guloseimas. A marca trabalha com cerca de 24 tipos de caviar. “Pretendemos ter, pelo menos, sete deles aqui na loja de São Paulo”, diz Adriana. Ao todo, 150 tipos de produtos, estampados com o barco de velas alaranjadas içadas, o logo da Petrossian, vão ocupar as prateleiras da pequena loja de cerca de cerca de 40 metros quadrados.
Patrícia e Adriana acreditam que as versões míni e máxi do caviar, que pode custar até US$ 14 mil o quilo, sem os impostos, têm tudo para serem as grandes vedetes da loja.
Explica-se: o míni é uma mimosa embalagem-ovo, batizada de Eggxiting, que acomoda 12g da preciosa iguaria (US$ 49) – porção que Armen Petrossian considera adequada para proporcionar satisfação a uma pessoa; já o máxi é uma caixa que acomoda até dois quilos do produto, dividida em compartimentos.
“Dessa maneira, o cliente pode preenchê-la com os muitos tipos do caviar, fazendo um mix interessante”, indica Adriana. Os apreciadores também poderão levar para casa os utensílios e ingredientes que tornam ainda mais requintada a arte de degustar o caviar, como a colherinha de madrepérola , o porta-lata em prata, a vodca da grife e espumantes.