09/03/2022 - 10:47
Os sul-coreanos aguardam nesta quarta-feira (9) o resultado das eleições presidenciais, nas quais as pesquisas indicavam um empate entre o candidato de esquerda, Lee Jae-Myung, e o candidato da oposição de direita, Yoon Suk-yeol, após uma campanha polarizada.
A participação foi de 77,1%, após uma campanha marcada por erros, escândalos, ataques verbais e pouco debate entre dois favoritos igualmente impopulares. A mídia sul-coreana falou de uma “eleição entre perdedores”.
De acordo com uma pesquisa de boca de urna das três principais redes de TV da Coreia do Sul, Yoon obteve 48,4% dos votos, e Lee, 47,8%, uma diferença muito pequena para declarar um vencedor. Os outros dez candidatos ficaram muito atrás.
A divulgação da pesquisa foi recebida com aplausos pelos apoiadores de Lee no Parlamento de Seul, onde os apoiadores de ambos os candidatos se reuniram para assistir à contagem dos votos. Os apoiadores de Yoon ficaram em silêncio.
“As pesquisas acirradas refletem o medo das mulheres de Yoon ser presidente”, disse Kang Hoon-sik, funcionário da campanha de Lee, referindo-se aos comentários machistas do candidato de direita durante sua campanha.
As pesquisas mostram uma clara divisão de gênero entre os eleitores com menos de 30 anos. Nessa faixa etária, 58,7% dos homens votaram em Yoon, e apenas 36,3%, em Lee. Em contraste, as mulheres da mesma faixa etária votaram 58% em Lee, e apenas 33,8%, em Yoon.
“O amplo apoio que Yoon tem entre os jovens é absolutamente aterrorizante do ponto de vista de uma mulher”, disse o estudioso Keung Yoon Bae à AFP.
A proposta mais controversa de Yoon é abolir o Ministério da Igualdade de Gênero, alegando que, apesar das evidências ao contrário, as mulheres sul-coreanas não sofrem de “discriminação sistêmica de gênero”.
– Renda universal –
As eleições presidenciais sul-coreanas são de um único turno. Os resultados oficiais são esperados nesta quarta-feira à noite, ou na manhã de quinta-feira.
Lee, de 57 anos, é o candidato do Partido Democrata de centro-esquerda do atual presidente Moon Jae-in, que não pôde concorrer à reeleição após seu mandato de cinco anos.
Yoon, 61, um novato político, foi eleito em junho para representar o Partido do Poder Popular (PPP), o principal grupo de oposição de direita.
As seções eleitorais, nas quais era obrigatório o uso de máscaras e higienizar as mãos, fecharam às 18h locais (6h no horário de Brasília), mas foram reservadas por 90 minutos para os eleitores infectados com covid-19.
O país de 52 milhões de habitantes vive uma onda da variante ômicron do coronavírus, com 342.446 novos casos registrados nesta quarta-feira.
Mais de um milhão de sul-coreanos que testaram positivo estão atualmente em isolamento em casa. A lei eleitoral foi alterada, no mês passado, para permitir que votassem separadamente no final do dia.
De acordo com pesquisas, o aumento dos preços dos imóveis em Seul, as desigualdades econômicas e o alto desemprego entre os jovens são as principais preocupações dos eleitores.
O novo presidente também enfrentará uma Coreia do Norte cada vez mais agressiva.
Lee, ex-operário e ex-governador da província mais populosa do país, propôs medidas como uma renda mínima universal. Ele se encontra no centro das atenções, porém, por um negócio imobiliário suspeito, um caso em que duas das principais testemunhas cometeram suicídio.
Yoon Suk-yeol propõe flexibilizar as leis trabalhistas, incluindo o salário mínimo e a jornada de trabalho.
Até o momento, todos os ex-chefes de Estado vivos cumpriram pena por corrupção depois de deixar o cargo.