12/09/2022 - 15:47
Pelos próximos 20 dias, crescerá a atenção sobre os 156.454.011 eleitores brasileiros que deverão escolher deputado estadual (ou distrital), deputado federal, senador, governador e presidente. E tome pesquisas com intenções de voto. Em especial para cargos majoritários (governador e presidente). Junto vem também um balde de desinformação. Em especial daqueles que estão atrás no jogo, ou que estão na frente e veem a diferença diminuir. Seguem aqui alguns cuidados para consumir sua pesquisa eleitoral de forma saudável:
1.Conheça os dados principais do universo da pesquisa
No caso, falamos do perfil de quem são os eleitores brasileiros. Os 156 milhões citados acima. Eles se dividem em 52,7% mulheres e 47,3% homens. São 8 milhões a mais de mulheres. Do total, 42% vivem na região Sudeste e 27% nos nove estados do Nordeste. Jovens (16-24 anos) representam apenas 13,7% do eleitorado. A maior faixa está entre 25-44 anos (40,7%). Por fim, apenas 11% têm ensino superior completo e há 6 milhões de analfabetos. Não há um comportamento uniforme dentro de cada um desses grupos, mas conhecer os recortes principais ajuda a entender como a pesquisa pode sinalizar um novo movimento de intenção de voto.
+ Pesquisa BTG/FSB: Lula tem 41% das intenções; Bolsonaro, 35%; Ciro 9% e Simone 7%
2.Amostra
A amostra de uma pesquisa quantitativa é decisiva para a integridade dos resultados. Se você pega 2 mil entrevistados, deverão ser 52,7% de mulheres, 13,7% ter entre 16 e 24 anos, 42% morarem nos quatro estados da região Sudeste… Por isso, cheque de cada pesquisa o cuidado tomado com a questão. O TSE disponibiliza os registros dos levantamentos neste site. A amostragem correta é a base de tudo.
3.Pesquisa presencial ou por telefone
Há controvérsias aqui. Porque levantamentos por telefone implicam em fazer um recorte na amostra. Além disso, a apresentação de candidatos em ordem aleatória na pesquisa estimulada (quando o nome dos concorrentes é mostrado ao eleitor) se dá por um modelo pelo telefone e por outro no presencial. Neste caso, normalmente é oferecido ao eleitor um cartão circular com os candidatos, o que elimina uma ordem entre eles. Isso ocorre porque muitos pesquisados tendem a dizer o primeiro ou segundo nome numa lista, ainda mais se a opção for narrada. Institutos como o Datafolha não fazem pesquisas a presidente por telefone.
4.Crie o hábito de olhar as tabelas
Em vez de apenas consumir uma análise da pesquisa feita por terceiros (um veículo de comunicação, a rede social de alguém) vale a pena olhar as tabelas originais. Há informações ali que muitas vezes não foram destacadas quando um jornalista, um especialista, um candidato ou um influencer espalham os comentários pelo universo digital.
5.Ordem das perguntas
Estudos mostram que a ordem das perguntas interfere em respostas sobre intenção de voto. Exemplo: duas ou três perguntas sobre avaliação de governo podem levar a um tipo de comportamento na hora de o eleitor responder sobre em quem irá votar. Mesmo o jeito de perguntar pode resultar em resultados divergentes. Por isso, vá na fonte (dica 4) ver como a pergunta foi feita e em qual ordem.
É creditado a Benjamin Disraeli (1804-1881), político inglês e ex-primeiro-ministro, uma frase genial: “Existem três tipos de mentiras: mentiras, mentiras malditas e estatísticas”. Como dica, vale ler também o magistral Como Mentir com Estatística, livro de Darrell Huff (1913-2001), lançado em 1954 e que se tornou um clássico. A despeito do humor fino dos dois, ou principalmente por causa dele, vale ter em mente que a estatística é das áreas que mais evoluem com os avanços de big data e análise de dados.