06/04/2022 - 23:10
As pessoas com “imunidade híbrida”, por terem sido totalmente vacinadas e previamente infectadas pela Covid-19, têm a proteção mais forte contra o coronavírus, apontam dois novos estudos. Após dois anos de uma pandemia que viu mais de 500 milhões de pessoas infectadas e milhares de milhões já vacinados, os estudos reafirmam a importância da vacinação para quem tem imunidade natural após a recuperação da doença.
Um dos estudos publicados na revista médica ‘The Lancet Infectious Diseases’ analisou os dados de saúde de mais de 200 mil pessoas em 2020 e 2021 no Brasil, que tem o segundo maior número de mortes pela Covid-19 do mundo, e descobriu-se que, para pessoas que contraíram o vírus, as vacinas da Pfizer e AstraZeneca ofereceram 90% de eficácia contra hospitalização e morte, a CoronaVac da China teve 81% e a vacina única da Johnson & Johnson teve 58%.
+ Covid: Imunidade em crianças e adolescentes dura até sete meses, diz estudo
“Todas as quatro vacinas provaram fornecer proteção extra significativa para aqueles com uma infeção anterior pela Covid-19”, apontou o autor do estudo, Julio Croda, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. “A imunidade híbrida devido à exposição à infecção natural e à vacinação provavelmente vai tornar-se a norma a nível global e pode fornecer proteção a longo prazo mesmo contra variantes emergentes”, disse Pramod Kumar Garg, do Instituto de Ciência e Tecnologia em Saúde Translacional da Índia, num comentário associado ao estudo.
Outro estudo apontou, depois de recolher dados do registo nacional da Suécia até outubro de 2021, que as pessoas que recuperaram da Covid-19 mantiveram um alto nível de proteção contra a reinfecção por até 20 meses. E as pessoas com imunidade híbrida de duas doses de vacina tiveram um risco 66% menor de reinfecção do que aquelas com imunidade apenas natural.
Paul Hunter, professor de medicina da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, e que não esteve envolvido no estudo, garantiu que 20 meses de “proteção muito boa” da imunidade natural “foram muito melhores do que o esperado para as duas doses originais de vacina”, embora tenha alertado que ambos os estudos foram concluídos antes da variante Ômicron ter se tornado dominante em todo o mundo e que “diminuiu notavelmente o valor protetor de uma infecção anterior”.
Um estudo realizado no Catar, revelado no site de pré-publicação medRxiv, na última semana, deu uma visão de proteção oferecida pela imunidade híbrida contra a Ômicron, que descobriu que as três doses de vacina tiveram 52% de eficácia contra a infeção sintomática da subvariante BA.2 – mas esse número saltou para 77% quando o paciente já havia sido infetado anteriormente. O estudo, ainda não revisto por pares, descobriu que a “imunidade híbrida resultante de infeção anterior e vacinação de reforço recente confere uma proteção mais forte” contra as duas subvariantes da Ômicron.