O grupo hoteleiro Pestana, o maior de Portugal, passou os anos 90 observando, do outro lado do Atlântico, o nosso belo e rentável litoral. O desejo de investir na costa brasileira, porém, só se tornou realidade em janeiro de 1999. O vendaval da crise cambial era tudo que os lusitanos precisavam para aportar na ex-colônia. ?A desvalorização do real nos ajudou a entrar no País?, diz José Roquette, diretor do Pestana no Brasil. E chegaram de bolsos cheios: R$ 100 milhões para investir até março de 2001. Ainda no mar, avistaram o Rio Atlântica Hotel, que pertencia às Organizações Globo. Aproveitaram o momento de reformulação na empresa dos Marinho e compraram o prédio, na Praia de Copacabana, por R$ 41 milhões. ?Na época, a Globo estava se desfazendo de alguns negócios para se capitalizar?, conta Roquette. Em pouco mais de um ano, a rede já lançou âncora em Angra dos Reis, Salvador, Natal e, agora, prepara outras conquistas no mercado brasileiro.

Há duas semanas, Roquette praticamente queimou os investimentos iniciais do grupo no País. Em leilão promovido pelo Banco do Brasil, o Pestana levou o Hotel Méridien, de Salvador, por 17 milhões. ?Ainda vamos investir cerca de R$ 25 milhões na reforma?, afirma o executivo. No dia seguinte, comprou, por R$ 21 milhões, 60% de um hotel cinco estrelas em Natal. O Pestana tem também um resort em Angra do Reis.

A próxima parada da caravela lusitana é Curitiba. O projeto da capital paranaense é um hotel com 180 quartos para executivos. ?Será um investimento de R$ 20 milhões?, diz Roquette. Em relação a São Paulo, os portugueses são mais cuidadosos. O grupo está aguardando o fim da febre dos flats. Roquette diz que os hotéis cinco estrelas estão baixando preços e, com isso, os flats vão perder espaço. ?A remuneração dos proprietários também deve cair. Isso vai gerar uma crise no setor?, diz. Diante do cenário, a idéia é deixar São Paulo para 2002. Enquanto aguarda, o Pestana prepara o terreno em Fortaleza. Vem aí um resort na Praia das Fontes.

A malha hoteleira no Brasil também vai servir para desenvolver outros negócios. A companhia aérea do grupo, a Euroatlantic, já faz vôos regulares de Lisboa para João Pessoa (PB). Os aviões vêm lotados de turistas portugueses prontos para se bronzearem nas praias do Nordeste. Com as aquisições de hotéis na região, a idéia é negociar pacotes completos com as agências de viagem. ?Vamos incrementar o turismo internacional no Brasil?, promete Roquette.