A Petrobras informou nesta segunda-feira, 19, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a compra de um milhão de barris de petróleo originário da área de AKPO, na Nigéria, ao custo de R$ 140 milhões. A transação envolveu empresas subsidiárias da estatal, como a Petrobras Global Trading BV, controlada integralmente pela estatal, além da empresa Brasoil Oil Services Company Nigeria Limited (Brasoil Nigeria), que tem controle compartilhado com outros investidores.

A estatal justificou a compra, no comunicado, como uma operação feita com “bases regulares para processamento pelo Sistema Petrobras”. A empresa informou também que as condições do negócio foram “comutativas tendo em vista que o preço de compra foi negociado entre as partes e teve como base a média de preços praticadas no mercado internacional para o petróleo tipo AKPO”.

O comunicado atende a uma instrução da CVM, datada de outubro, que estabeleceu parâmetros para comunicados entre empresas relacionadas à controladora negociada na bolsa brasileira. A instrução determina que as razões internas para a negociação entre as partes sejam explicitadas quando ultrapassem valores de referência, em média de R$ 50 milhões ou 1% do valor do ativo do emissor.

A Petrobras Global Trading é a empresa de comercialização de óleo da estatal no exterior. Já a Brasoil é uma subsidiária em parceria com outros investidores, como o BTG Pactual, que investiu em 2013 cerca de US$ 1,3 bilhão em uma joint venture com a estatal para participar de ativos de exploração e produção na África. A negociação também é alvo de denúncias de irregularidades.

A estatal atua na Nigéria desde 1998, mas passou a produzir petróleo próprio em 2009 nos campos de Agbami e Akpo, com participações de 13% e 16%, respectivamente. Os campos são operados por parceiras da estatal, como Chevron e Total, e empresas nacionais da Nigéria. No total, os investimentos nos dois campos foram estimados, à época, em US$ 10 bilhões, sendo US$ 2,5 bilhões por parte da Petrobras.

Antes de iniciar a produção própria no país africano, a estatal comprava em média entre 120 mil e 150 mil barris de petróleo leve daquela região, a cerca de 200 quilômetros da costa sul da Nigéria. O óleo AKPO tem perfil ‘condensado’, com grau API acima de 50, sendo considerado um dos melhores existentes. A Petrobras utiliza o óleo para misturar com óleo nacional durante os procedimentos de refino.