Por Sabrina Valle

HOUSTON (Reuters) – A Petrobras e a norueguesa Equinor vão estudar a possibilidade de instalar um parque eólico em alto mar com capacidade de produção de energia equivalente a uma usina Itaipu, disseram as empresas nesta segunda-feira durante evento em Houston, nos Estados Unidos.

O projeto ficará em fase de estudos até 2028 e, se confirmado, seria composto por sete plantas eólicas com uma capacidade total de 14,5 gigawatts (GW).

“O que estamos anunciando aqui hoje é uma Itaipu de (energia) eólica,” disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, citando os 14 gigawatts de capacidade instalada da maior usina hidrelétrica do Brasil.

O parque eólico poderia custar 70 bilhões de dólares, segundo uma estimativa livre da Petrobras com base no atual custo do megawatt offshore, multiplicado pela capacidade instalada prevista.

A produção de energia levaria de seis a dez anos para começar, segundo Prates. Investimentos para o projeto já estão contemplados no plano de negócios da companhia, e não precisarão ser ampliados, disse ele. A Petrobras estudará a fabricação de equipamentos no Brasil, acrescentou.

“Estes são investimentos de bilhões de dólares” disse a presidente da Equinor no Brasil, Verônica Coelho, em coletiva conjunta durante uma conferência de energia em Houston. “São projetos grandes, e por isso precisam ser bem maturados”.

As empresas disseram que uma decisão sobre qual das duas seria operadora seria feita no futuro, com ações mais imediatas focadas em estudos do vento, e exigências legais e regulatórias para operação.

Com isso, as duas empresas assinaram uma carta de intenções, conforme comunicado divulgado ao mercado.

O movimento é fruto de parceria firmada entre as empresas em 2018 – e teve seu escopo ampliado para além dos dois parques eólicos Aracatu I e II, na fronteira litorânea entre Rio de Janeiro e Espírito Santo, previstos inicialmente.

O novo acordo prevê também a avaliação da viabilidade de parques eólicos de Mangara, no Piauí, Ibitucatu, no Ceará, Colibri, na fronteira litorânea entre o Rio Grande do Norte e Ceará, além de Atobá e Ibituassu, ambos no Rio Grande do Sul, somando sete projetos, com prazo de vigência até 2028.

Com esses estudos, a expectativa é avançar nos projetos de transição energética do país.

“Esse acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil, aproveitando o expressivo potencial eólico offshore do nosso país e impulsionando nossa trajetória em direção à transição energética”, disse em nota o presidente da Petrobras.

EÓLICAS AO MAR

O Brasil começou a olhar para a geração eólica no mar nos últimos anos, em meio ao fortalecimento da agenda de transição energética, mas os empreendimentos locais ainda carecem de definições, principalmente regulatórias, para sair do papel.

No ano passado, o governo editou diretrizes que poderiam permitir a realização de um leilão de cessão de uso de áreas para as usinas offshore já em 2023.

A tecnologia virou objeto de interesse de elétricas e principalmente petroleiras, como Petrobras, Shell e Equinor, que veem nela uma alternativa para descarbonizar seus portfólios no Brasil aproveitando sua experiência em alto mar e potenciais sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás. Atualmente, o Ibama já contabiliza cerca de 170 GW de projetos offshore aguardando licenciamento, potência equivalente à capacidade de geração atual do Brasil.

Um estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontou que o Brasil tem um potencial técnico de geração eólica no mar de 700 GW, localizado principalmente no Nordeste, mas também nas regiões Sul e Sudeste.

(Por Sabrina Valle; reportagem adicional de Letícia Fucuchima e Marta Nogueira)

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