A Petrobras perdeu R$ 55,3 bilhões em valor de mercado nesta sexta-feira, 8, com o tombo de mais de 10% nas ações da companhia na Bolsa, de acordo com levantamento da Elos Ayta Consultoria.

As ações ordinárias (PETR3) fecharam em queda de 10,37%, a R$ 36,98, enquanto as preferenciais (PETR4) tombaram 9,14%, a R$ 36,70. Na mínima do dia, chegaram a derreter mais de 13%.

Com o tombo, o  valor de mercado da companhia recuou para R$ 473,8 bilhões. O revés ocorre após a Petrobras ter atingido em fevereiro o maior valor de mercado da sua história em reais (R$ 567 bilhões). No acumulado no ano, o encolhimento é de R$ 23,8 bilhões.

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O que explica o tombo?

Os investidores reagiram à decisão da estatal de não distribuir dividendos extraordinários.

O Conselho de Administração da  estatal autorizou a e distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões, referentes ao resultado da companhia no quarto trimestre de 2023, mas decidiu reter todo o potencial de dividendos extraordinários, diferente do ocorrido em 2022.

“O balanço em si já veio mais fraco, decepcionou. Mas o que chamou bastante a atenção foi o dividendo. O presidente da Petrobras já havia falado que a ia revisitar isso, que direcionaria parte disso para futuros investimentos, especialmente para energia limpa”, descreve o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

“Apesar dos sólidos resultados operacionais e, ainda que inferior, uma decente distribuição recorrente, acreditamos que isto ficará em segundo plano para um mercado, que a partir da decisão da empresa em não pagar dividendos extraordinários, se debruçará intensamente sobre a sua alocação de capital”, avaliou a equipe de análise da Ativa.

Evolução dos dividendos pagos pela Petrobras


Em 2022, a empresa desembolsou R$ 194,6 bilhões em dividendos, enquanto em 2023 foram pagos R$ 98,1 bilhões em dividendos. Ou seja, uma queda de 49,5%, mostra levantamento da Elos Ayta Consultoria.

Nos últimos três anos, a estatal distribuiu dividendos vultosos. Em 2022, a empresa foi a maior distribuidora de dividendos aos seus acionistas na América Latina e nos EUA. “O volume de dividendos somados da estatal entre 2010 e 2020 foi de R$ 59,2 bilhões, um valor inferior ao desembolsado em 2021, quando a empresa pagou R$ 72,7 bilhões”, diz Einar Rivero, sócio-fundador da consultoria.

Apesar de um declínio no lucro em 2023, a Petrobras segue como uma das empresas mais lucrativas do mercado global de petróleo. Segundo a Elos Ayta, a companhia brasileira manteve em 2023 a posição de segunda empresa mais rentável em ranking com 13 petroleiras. “Seu lucro em dólares no ano de 2023 foi de US$ 25,7 bilhões, ficando atrás apenas da Exxon Mobil, que registrou um lucro de US$ 36,0 bilhões no mesmo período”, afirma Rivero.

O que disse a Petrobras

O diretor financeiro da Petrobras, Sergio Caetano Leite, disse que a decisão do Conselho de Administração da Petrobras de não pagar dividendos extraordinários relativos à 2023 tem a ver com a busca por um balanço robusto e cuidado com alocação de capital. Ainda assim, Leite disse que os recursos travados só poderão servir ao pagamento de proventos no futuro e não para investimentos da companhia.

Leite falou a investidores em teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2023. Esse dividendo extraordinário apurado em 2023, no entanto, não tem previsão de pagamento, segundo o executivo.

“Existia folga para pagamento de extraordinário, mas o CA decidiu mandar os recursos para a reserva (de remuneração). Isso se baseia na busca de balanço robusto e cuidado com alocação de capital em anos com esforço de investimento muito grande para a Petrobras. E os anos de 2024 e 2025 terão investimentos expressivos”, disse Leite.

Segundo a companhia, a distribuição proposta para o exercício de 2023 está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas aprovada em 28 de julho do ano passado, que prevê que, em caso de endividamento bruto igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor (atualmente US$ 65 bilhões), a Petrobras deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre.

Os dividendos complementares do quarto trimestre serão pagos em duas parcelas iguais nos meses de maio e junho de 2024 no valor de R$ 1,09894844 por ação preferencial e ordinária. Sendo a primeira parcela, no valor de R$ 0,54947422 por ação preferencial e ordinária e a segunda parcela, no valor de R$ 0,54947422 por ação preferencial e ordinária.

A data de corte será dia 25 de abril de 2024 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3 e o record date será dia 29 de abril de 2024 para os detentores de ADRs negociadas na New York Stock Exchange (NYSE). A Petrobras informou que os dividendos serão pagos em maio e junho, ainda sem data definida.

*Com informações da Agência Estado