27/02/2025 - 18:44
Com o tombo das ações nesta quinta-feira, 27, a Petrobras perdeu R$ 24,48 bilhões em valor de mercado em um único dia. Os papéis preferenciais da estatal chegaram a cair quase 5% pela manhã e fecharam em queda de 3,53% após a companhia reportar um prejuízo de R$ 17 bilhões no quatro trimestre.
Segundo levantamento da Elos Ayta, o valor que a Petrobras perdeu hoje na Bolsa equivale ao de todas ações da Porto Seguro, avaliada no fechamento desta quinta em R$ 24,6 bilhões.
A petroleira está avaliada agora em R$ 491,4 bilhões, ante R$ 515,9 bilhões no fechamento do pregão do dia anterior.
Vale destacar que em 20 de fevereiro a Petrobras atingiu o maior valor de mercado do ano, fechando com R$ 525,9 bilhões, enquanto o menor valor foi registrado em 12 de fevereiro, com R$ 490,2 bilhões.
O que desagradou o mercado
A expectativa do consenso Bloomberg para o resultado da Petrobras era de lucro de R$ 17,3 bilhões. No acumulado de 2024, a empresa somou lucro líquido de R$ 36,6 bilhões (US$ 7,5 bilhões). O resultado representa uma queda de 70,6% frente ao ano de 2023, quando a companhia registrou o segundo melhor lucro de sua história em 2023, com R$ 124,6 bilhões.
Ao divulgar o balanço, a Petrobras destacou que, retirando os “eventos exclusivos” da conta, anotou um lucro líquido de R$ 17,7 bilhões no 4º trimestre.
“A variação do lucro que reportamos se deve, fundamentalmente, a uma questão de natureza contábil que não afeta nosso caixa: a variação cambial das dívidas entre a Petrobras e suas subsidiárias no exterior. O resultado do ano também foi impactado pelos efeitos, no segundo trimestre, da transação tributária que encerrou disputas judiciais de R$ 45 bilhões”, explicou a estatal.
Analistas do Goldman Sachs chamaram atenção para o volume de investimentos (CAPEX) no período, considerado negativo. A estatal investiu US$ 5,7 bilhões, mais que o dobro da projeção dos analistas do banco e bem acima do teto do guidance revisado para o ano, de US$ 14,5 bilhões.
O Citi, que tem recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 15 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York, comenta que o resultado frustrou expectativas, combinando menor geração de caixa por conta da piora nos indicadores operacionais no período e investimentos pressionando proventos. A casa destaca que o Ebitda veio 5% abaixo das projeções.
Dividendos da Petrobras frustraram?
A Petrobras anunciou R$ 9,1 bilhões em dividendos ordinários, ficando aquém das estimativas dos analistas, que eram entre R$ 11,4 bilhões e R$ 17,2 bilhões.
Em dólares, os dividendos foram de US$ 1,6 bilhão, abaixo dos US$ 2,4 bilhões projetados pelo Goldman Sachs.
Analistas da XP também fizeram uma avaliação negativa do anúncio de proventos.
“As altas expectativas provavelmente prepararam o terreno para a decepção. O dividendo de US$ 1,6 bilhão ficou bem abaixo do consenso e da nossa expectativa, que era entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões. O principal culpado parece ser os investimentos (capex), que terminaram 2024 cerca de US$ 2,1 bilhões (15%) acima da projeção da companhia (guidance), com grande parte da surpresa concentrada no quarto trimestre de 2024”, dizem Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório da casa sobre a Petrobras.
O que disse a presidente da Petrobras
A presidente da petroleira estatal, Magda Chambriard disse em conferência com analistas que entende a “frustração” com a remuneração aos acionistas abaixo do esperado, mas que isso foi resultado principalmente da antecipação de uma plataforma no campo de Búzios, de alta rentabilidade, que vai se tornará o maior produtor do mundo em águas profundas.
Apesar da antecipação dos investimentos de 2025 para 2024, a presidente explicou que a Petrobras manteve a meta de investimentos para 2025 em US$18,5 bilhões. No entanto, detalhou que a previsão no plano de negócios permite que o montante possa variar 10% para cima ou para baixo.
O movimento ocorre após a executiva ter assumido o comando da petroleira estatal em maio do ano passado, com um mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acelerar investimentos da companhia, para estimular a economia, com geração de emprego e renda.
A executiva também destacou aos analistas que acredita que 2024 foi ano muito positivo e que 2025 será ainda melhor.
*Com informações da Reuters
