A Petrobras reportou lucro de R$ 35 bilhões no primeiro trimestre de 2025 (1T25), conforme balanço divulgado nesta segunda-feira, 12, após fechamento do pregão. O número representa alta de 48% ante igual etapa do ano anterior e reverte prejuízo de R$ 17 bilhões no trimestre imediatamente anterior.

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Com ajuste de eventos exclusivos, o lucro da Petrobras foi de R$ 23,5 bilhões no trimestre. O resultado fica aquém das projeções de boa parte dos analistas. O BTG Pactual, por exemplo, mirava R$ 41,09 bilhões de lucro para a estatal.

O EBITDA ajustado da Petrobras no 1T25 foi de R$ 61,08 bilhões, representando alta de 1,7% ante igual etapa do ano anterior, mas também abaixo das projeções do consenso de mercado, que eram de R$ 63,5 bilhões.

Já o EBITDA ajustado sem eventos exclusivos foi de R$ 62,2 bilhões, alta de 1,2% na base anual.

Segundo o resultado da Petrobras, a receita de vendas foi de R$ 123,1 bilhões, representando um avanço de 4% ante igual etapa de 2024 e em linha com o que consenso Bloomberg estimava.

O fluxo de caixa livre foi de R$ 26 bilhões, representando uma retração de 19% ante o primeiro trimestre do ano de 2024.

O dólar médio de venda do trimestre foi de R$ 5,84, estável em relação ao trimestre imediatamente anterior.

A dívida líquida fechou o mês de março em US$ 56 bilhões, um avanço de 28% ante igual etapa do ano anterior e de 7% ante o trimestre imediatamente anterior.

A companhia investiu R$ 23,7 bilhões (US$ 4,1 bilhões) no primeiro trimestre de 2025 principalmente em função dos avanços em grandes projetos do pré-sal da Bacia de Santos.

“Esses investimentos estão concentrados em projetos do pré-sal, em especial nos campos de Búzios e Atapu. Estamos realizando mais perfurações e interligações de poços e avançando na construção das novas unidades que sustentarão nossa curva de produção”, afirma o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores, Fernando Melgarejo.

João Daronco, analista CNPI da Suno Research, avalia o resultado como ‘bastante positivo’.

“A gente teve uma queda no preço do [petróleo] Brent de um ano para o outro. Do lado positivo, o que a gente tem é aumento do preço do dólar, e aí no resumo, no somatório desses dois fatores, o dólar sai de algo como R$4,95 no primeiro 3224 para R$5,84, na média, no primeiro trimestre de 2025. Resumo desses fatores, a companhia conseguiu aproveitar, apresentar um crescimento de receita, saindo de R$ 117,7 bilhões para R$ 123,1 bilhões”, comenta.

“Quando a gente olha fluxo de caixa livre, ele cai no comparativo, uma queda de quase 20%, mas principalmente não porque o fluxo de caixa operacional está caindo, mas porque a companhia tem investido mais, que era um ponto de atenção que a gente tinha antes. Entretanto, quando a gente pega uma foto do trimestre, tri contra tri, a gente vê que a gente teve um aumento bastante substancial do fluxo de caixa livre”, completa.

Fernando Siqueira, Head de Research da Eleven Financial, considera o resultado em linha com o esperado e sem grandes destaques.

“Mais uma vez, a operação de exploração e produção de petróleo apresentou resultados melhores. O Ebitda cresceu 1% para R$ 61 bilhões, reflexo do bom desempenho da unidade de exploração misturado com resultados fracos nas operações de refino e comercialização (além de resultados fracos na unidade de gás)”, analisa.

“Apesar dos preços baixos do petróleo, o resultado da operação de exploração foi favorecido pelo Real depreciado, aumento na produção e custos relativamente contidos. A operação de refino foi negativamente afetada pelas margens baixas dos produtos no mercado interno, principalmente na gasolina. A Petrobras anunciou dividendos de R$ 12 bilhões em dividendos, também em linha com o esperado. Acreditamos que as ações irão ter uma reação neutra hoje”, conclui.

O que são eventos exclusivos

Os eventos exclusivos detalhados pela estatal somaram R$ 17,6 bilhões no primeiro trimestre de 2025. Considerando os eventos exclusivos que não afetam o EBITDA Ajustado, foram:

  • Impairment de ativos e de investimentos: -R$ 287 milhões
  • Resultado com alienação e baixa de ativos: +R$324 milhões
  • Resultado com acordo de coparticipação em áreas licitadas: +R$ 403 milhões
  • (Perdas)/ganhos com variação cambial real x dólar: +R$ 18,3 bilhões

Já os considerados ‘outros eventos exclusivos’ tiveram um impacto negativo de R$ 1,19 bilhão, sendo eles:

  • PDV: -R$ 2 milhões
  • Resultado relacionado a desmantelamento de áreas: -R$ 9 milhões
  • Perdas com contingências judiciais: -R$ 1,16 bilhão
  • Equalização de gastos (AIP): -R$ 23 milhões

Petrobras aprova R$ 11,72 bilhões em dividendos e JCP

A Petrobras comunicou também que aprovou uma distribuição R$ 11,72 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) referentes ao desempenho financeiro da companhia no primeiro trimestre de 2025.

De acordo com fato relevante, cada ação ordinária e preferencial dará direito a R$ 0,90916619 em proventos.

Os proventos serão pagos em duas parcelas nos meses de agosto e setembro de 2025:

  • A primeira parcela, no valor de R$ 0,45458310 por ação, será paga em 20 de agosto, integralmente sob a forma de JCP
  • A segunda parcela, no valor de R$ 0,45458309 por ação, será paga em 22 de setembro, sendo R$ 0,30844749 sob a forma de dividendos e R$ 0,14613560 sob a forma de JCP

Para garantir o direito a essas quantias, os acionistas devem ter os papéis da companhia até o dia 2 de junho. Quem adquirir ações PETR3 ou PETR4 a partir do dia 3 de junho não receberá esses proventos.

No caso dos ADRs (recibos de ações negociados nos Estados Unidos) da Petrobras, o prazo limite é 4 de junho. Os pagamentos para esses investidores também ocorrerão em datas diferentes – a primeira parcela será liberada no dia 27 de agosto, e a segunda, no dia 29 de setembro.