Os trabalhos da Petrobras junto ao Ibama para conseguir a licença ambiental com o objetivo de perfurar na Bacia da Foz do Amazonas deverão colaborar para que os processos de licenciamento de outros poços possam ser mais ágeis, disse a CEO da Petrobras, Magda Chambriard.

Em entrevista à Reuters nesta terça-feira, 21, ela disse acreditar que a Petrobras poderá produzir petróleo e gás na região ambientalmente sensível em cerca de sete anos, caso sejam confirmadas as expectativas de grandes reservas. Mas, para isso, novas licenças terão de ser concedidas nos próximos anos.

“Os novos poços a serem perfurados não vão mais precisar de APO”, disse Chambriard, em referência à Avaliação Pré-Operacional que mobilizou mais de 400 profissionais da Petrobras e do Ibama, em agosto.

“E todo esse exercício que foi feito servirá para os outros (poços). Acho pode ser sim (mais rápido o licenciamento), mas dá pra dizer que parte das exigências já estão cumpridas da nossa parte”, completou a executiva.

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Antes de conceder a licença exploratória na segunda-feira, o Ibama negou aval para atividades de perfuração na região por duas vezes, em 2023 e em 2018, antes mesmo de a Petrobras assumir o bloco, em 2020.

Petrobras x Ibama

Desde a última negativa, a companhia trabalhou para atender as principais exigências do Ibama, realizando investimentos milionários e aprimorando planos considerados indispensáveis ao projeto pelo órgão ambiental, sobretudo nas medidas de resposta a emergências.

Entre os aperfeiçoamentos implementados, a Petrobras construiu um novo Centro de Reabilitação e Despetrolização (CRD) de grande porte em Oiapoque (AP), além de ter incluído três embarcações offshore dedicadas ao atendimento de fauna oleada, entre outros pedidos do Ibama para resposta rápida a incidentes.

A Petrobras já realizou no passado muitas perfurações de poços na região, que integra a chamada Margem Equatorial, mas não em uma profundidade tão grande quanto a desenvolvida no bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas.

A petroleira estatal pretende perfurar até seis poços adicionais na bacia nessa campanha para tentar descobrir se há acumulações de petróleo e gás na região.

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“O primeiro passo foi dado, que é conseguir a licença para perfurar um poço pioneiro. A confirmação desse modelo é essencial para essa campanha, que tem como premissa a sísmica, e o poço pioneiro é fundamental para confirmar nosso modelo”, disse a CEO.

“Estamos furando num lugar muito bom, que deve dar uma descoberta”, destacou a executiva, demonstrando confiança em um achado.

“Mas só a broca vai dizer se tem descoberta. Temos mais cinco ou seis poços pioneiros em licenciamento. Se der tudo certo, após os cinco meses para perfurar esse primeiro, vamos ter que delimitar a jazida”, explicou.

“Se esse negócio for muito bom, podemos delimitar a jazida em uns dois anos e, se for bom o suficiente, vamos estar produzindo em sete ou oito anos”, disse.

Esse prazo significa que a Petrobras poderá, se tudo der certo, “encaixar” a entrada da produção da Margem Equatorial “no declínio do pré-sal”, garantindo que a extração petrolífera brasileira seguirá com volumes importantes.

As previsões de órgãos do governo apontam que a produção de petróleo no Brasil ainda seguirá em trajetória de crescimento até o início da próxima década, podendo entrar em declínio após esse período caso não haja novas descobertas relevantes no país.

A Margem Equatorial brasileira é a principal aposta para a ampliação das reservas no país nos próximos anos.

A Petrobras já está aditando o contrato de locação da sonda que será usada na perfuração para manter o equipamento à disposição por cerca de oito meses.

“Temos que ter uma folga. Em teoria, a gente perfura o poço, avalia o poço e, se tiver uma descoberta relevante, a gente avalia. Portanto, mais ou menos oito meses com essa sonda conosco”, explicou a executiva.

A sonda, que ficou parada no mar do Amapá aguardando a concessão de licença, e que participou do simulado de emergência do Ibama, tem um custo diário R$4,2 milhões. Os valores deverão ser atualizados no aditamento, mas não devem mudar muito, segundo a executiva.