A Transpetro, subsidiária de transporte da Petrobras, anunciou ontem a primeira licitação para a construção de quatro navios de transporte de combustíveis. São os primeiros do programa de ampliação e renovação da sua frota. A ideia é lançar, ao todo, quatro editais para construção de 25 navios próprios, até o fim de 2025, a um investimento total entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões (entre R$ 10,9 bilhões e R$ 13,7 bilhões, ao câmbio do dia) e com taxas especiais.

A recuperação da indústria naval tem sido uma obsessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fala com frequência sobre a retomada da construção de navios no Brasil desde a sua posse. “Quero que vocês tenham certeza de que a gente vai recuperar a indústria naval brasileira”, afirmou o presidente em evento em Niterói (RJ), em abril deste ano.

QUEDA DE PRESIDENTE

A iniciativa passa diretamente pelos investimentos da Petrobras na área. A suposta “lentidão” do ex-presidente da estatal Jean Paul Prates em tirar esses projetos do papel é apontada como um dos motivos que levaram à sua demissão. A nova presidente da companhia, Magda Chambriard, assumiu o cargo em maio sob cobrança do governo para acelerar investimentos em grandes obras e ressuscitar a indústria naval brasileira.

Lula já tentou estabelecer um polo naval no Brasil, em seus mandatos anteriores, com resultados desastrosos. A empresa Sete Brasil, que tinha participação da Petrobras e foi criada em 2010 para gerenciar a construção de 28 navios-sonda para a exploração do pré-sal, conseguiu entregar apenas quatro deles. Alvo de investigações de corrupção na Operação Lava Jato, a Sete Brasil pediu recuperação judicial em 2016, com dívidas estimadas à época em cerca de R$ 20 bilhões.

Neste ano, o administrador da recuperação judicial pediu a falência definitiva da companhia.

Ontem, Magda disse que o edital para construção de quatro navios de classe handy, publicado na sexta-feira, vai reduzir a exposição da estatal às flutuações nos preços de frete, que afetam as tarifas de afretamento. Esses navios, com capacidade entre 15 mil e 18 mil toneladas de porte bruto (TPB), vão transportar derivados de petróleo. “Ficaremos menos expostos a flutuações no preço de frete e vamos reduzir custos da Petrobras com afretamento”, disse, em mensagem gravada antes de entrevista à imprensa, na sede da Transpetro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.