15/04/2020 - 16:18
Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta quarta-feira, 15, com o WTI encerrando abaixo dos US$ 20 pela primeira vez em mais de 18 anos, após a Agência Internacional de Energia (AIE) projetar queda recorde na demanda este ano. Investidores acompanham com cautela os desdobramentos da pandemia de coronavírus, que já fez os estoques da commodity nos Estados Unidos subirem a nível recordes.
Na New York Mercantile Exchange, o petróleo WTI para maio fechou em queda 1,19%, a US$ 19,87, no valor mais baixo desde fevereiro de 2002. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o BTI para junho recuou 6,45%, a US$ 27,69.
Em sessão volátil, as cotações do petróleo operaram pressionadas desde o início do dia, após a AIE estimar, em relatório mensal, que a demanda mundial pela commodity diminuirá cerca de 9,3 milhões de barris por dia (bpd), no ritmo mais acentuado já registrado. Apenas em abril, o recuo será de 29 milhões de bpd, atingindo os menores níveis desde 1995.
“A economia global está sob pressão de formas que não são vistas desde a Grande Depressão. Empresas estão falindo e o desemprego está disparando”, disse a AIE, acrescentando que medidas de confinamento motivadas pela covid-19 levaram “as atividades do setor de transporte a recuar de forma dramática em quase toda parte”.
Em meio ao esse cenário, o corte de 9,7 milhões de bpd na produção de petróleo, anunciado em acordo fechado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) no domingo, não serão suficientes para estabilizar os preços, conforme aponta o ING.
“O mercado está percebendo que os cortes da Opep+, embora significante não trarão equilíbrio ao mercado”, destaca o banco, em relatório a clientes.
Na avaliação do BBH, se os preços permanecerem nos patamares atuais por um tempo prolongado, a indústria de energia americana, fortemente dependente da produção de xisto, será a mais afetada.
Segundo balanço divulgado nesta quarta pelo Departamento de Energia (DoE) dos EUA, estoques da commodity avançaram 19,248 milhões de barris na semana no país, bem acima da previsão de alta de 11,1 milhões de barris dos analistas. “Há sempre a possibilidade de alguma ajuda do governo, mas não enxergamos os mecanismos pelos quais isso pode ocorrer”, ressalta o BBH.