08/04/2022 - 19:49
Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – A Polícia Federal concluiu que o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, recebeu propina do grupo J&F para garantir o apoio do PP à reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014 e aponta que ele cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Essas informações constam do relatório final que o delegado da PF Rodrigo Borres Correia encaminhou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga Ciro Nogueira.
O inquérito contra Nogueira, que é presidente licenciado do PP e um dos maiores articuladores da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, foi aberto em setembro de 2018, tendo como base a delação premiada de executivos da J&F.
Segundo o delegado, Ciro Nogueira recebeu “vantagens indevidas” para apoiar um novo mandato de Dilma –a presidente foi reeleita, mas posteriormente deixou o cargo após ser alvo de um processo de impeachment.
De acordo com o relatório final da PF, uma parte da vantagem indevida foi encaminhada ao PP, por determinação de Ciro Nogueira, através de uma doação eleitoral oficial, como consta nos recibos da prestação de campanha.
Outra parte, de cerca de 5 milhões de reais, conforme o relatório, foi repassado em espécie por meio de uma pessoa ligada a Ciro Nogueira, que posteriormente teria tido acesso ao recurso.
Em nota, a defesa do ministro disse estranhar o relatório da PF porque, segundo ele, a conclusão é totalmente baseada em delações que não são confirmadas com nenhuma prova externa.
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“A defesa tem absoluta confiança que o tempo das delações sem nenhuma fundamentação já está devidamente superado pelas decisões independentes do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
“Continuamos à disposição do Poder Judiciário com plena convicção que a verdade prevalecerá. O império das delações falsas e dirigidas não mais se sustenta”, acrescentou a nota do advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.
As conclusões da PF devem ser remetidas pela ministra Rosa Weber, relatora do inquérito no STF, ao procurador-geral da República, Augusto Aras. Caberá a ele decidir se denuncia Ciro e outros envolvidos, pede novas diligências ou mesmo arquiva o caso por considerar que não haveria provas dos delitos apontados pela polícia.