A Polícia Federal e o Ministério Público do Rio prenderam nesta quinta, 25, oito suspeitos de integrar a maior milícia do Rio de Janeiro. Cento e vinte policiais federais saíram às ruas para cumprir 23 mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Especializada no Combate ao Crime Organizado da capital. A quadrilha atua fortemente na zona oeste da capital fluminense e na Baixada Fluminense.

A Operação Dinastia ocorreu três semanas após o assassinato, a tiros, do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho. Ele era apontado pela Polícia Civil do Rio como um dos fundadores do grupo miliciano, há mais de dez anos. Atualmente, o bando é liderado por Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho.

Segundo os investigadores, os alvos da operação são chefes da milícia. Um deles foi preso em um hotel de luxo em Gramado, no Rio Grande do Sul. Os suspeitos são investigados por organização criminosa, tráfico de armas de fogo e munições, extorsão e corrupção.

Reportagem publicada pelo Estadão nesta quarta, 24, mostrou que o Conselho Regional de Farmácia do Rio denunciou que mais de 1200 farmácias ficam em bairros dominados por milicianos no Estado. Os criminosos ameaçam fiscais do CRF-RJ e impedem que fiscalizem os estabelecimentos, onde lavam dinheiro e vendem carga roubada. Também extorquem dinheiro dos estabelecimentos.

“Durante as investigações, foi possível constatar intensa articulação e planejamento minucioso para prática de homicídios de inúmeros membros de milícia rival, entre outras vítimas”, informou a PF. O MP afirmou que o bando cometeu diversos homicídios, “que são incessantemente planejados e executados pelos milicianos em face de criminosos rivais, que integram a milícia comandada por Danilo Dias, conhecido como ‘Tandera'”.

“Os elementos de prova arrecadados até o momento evidenciam uma matança generalizada que é fomentada pela organização, que tem como pilar para o seu funcionamento e manutenção a destruição dos integrantes da milícia rival e de quaisquer pessoas que possam auxiliar os seus inimigos, ou prejudicar o andamento de suas atividades criminosas”, diz o MPRJ. “A investigação ainda revelou que há criminosos destacados exclusivamente para fazer (…), o levantamento de dados pessoais e a vigilância dos alvos que devem ser ‘abatidos’.”

Milícia mudou de nome e rachou

Zinho é o terceiro membro da mesma família a chefiar a quadrilha. O primeiro foi Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, um traficante que assumiu a chefia do grupo miliciano quando Jerominho e seu irmão, o ex-deputado Natalino Guimarães, estavam presos. Três Pontes uniu milícia e tráfico, em um movimento desaprovado por Jerominho – que, ao morrer, segundo policiais, não tinha mais importância na quadrilha -, mas acabou morto pela Polícia. Foi sucedido por Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão, que mudou o nome do bando de Liga da Justiça para Bonde do Ecko. O novo chefe do bando morto pela Polícia Civil em 2021. Foi quando Zinho assumiu o comando da milícia.

Tandera integrou o bando. Era encarregado de expandir a quadrilha pela Baixada. No fim de 2020, porém, entrou em confronto com Ecko. A quadrilha rachou, com episódios de confronto que incluíram homicídios e incêndio de vans na zona oeste.