A Polícia Federal indiciou criminalmente o ex-ministro Paulo Bernardo  (Planejamento/Governo Lula) na Operação Custo Brasil – investigação  sobre suposto desvio de R$ 100 milhões de empréstimos consignados no  âmbito do Planejamento, entre 2010 e 2015. A PF enquadrou Paulo Bernardo  por integrar organização criminosa e corrupção passiva.

O  inquérito da Custo Brasil foi relatado pela PF na sexta-feira, 22, e  enviado à Justiça Federal. Agora, o Ministério Público Federal vai  analisar o inquérito para denunciar ou não o ex-ministro e outros  envolvidos na Custo Brasil, entre eles o ex-tesoureiro do PT, Paulo  Ferreira.

Paulo Bernardo foi preso na Operação Custo Brasil  no dia 23 de junho, sob suspeita de recebimento de propinas de R$ 7,1  milhões do esquema Consist, empresa de software contratada em sua gestão  em 2010 para administrar contratos de consignados com entidades de  bancos e previdência – Associação Brasileira de Bancos Comerciais e para  o Sindicato das Entidades de Previdência Privada. A Consist teria  cobrado uma taxa em valor quatro vezes superior ao de mercado.

A  Custo Brasil é um desdobramento da Pixuleco II que, em agosto de 2015,  descobriu o esquema dos consignados. Um dos alvos da Pixuleco II, o  advogado Alexandre Romano, o Chambinho, fez delação premiada e revelou  os bastidores do caso Consist. Valores obtidos ilicitamente teriam  abastecido a campanha de Gleisi Hoffmann (PT/PR), mulher de Paulo  Bernardo, ao Senado em 2010.

A Custo Brasil prendeu também o  advogado Guilherme Gonçalves, de Curitiba, que teria realizado repasses  do esquema Consist para o ex-ministro e para bancar despesas eleitorais  de Gleisi. Gonçalves nega elo com o esquema.

Seis dias  depois de sua prisão – decretada pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, da  6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo -, o ex-ministro de Lula e também  de Dilma (Comunicações) foi solto por ordem do ministro Dias Toffoli,  do Supremo Tribunal Federal.

Na semana passada, Paulo  Bernardo foi ouvido na PF e negou ter recebido propinas do esquema dos  consignados. Ele afirma que não existe contrato da Consist com o  Ministério que dirigiu. “O Ministério do Planejamento nunca contratou a  Consist.”

Defesa

Em nota, a advogada  Verônica Abdalla Sterman afirmou: “O ex-ministro Paulo Bernardo reitera  que não participou ou teve qualquer ingerência na celebração ou  manutenção do acordo de cooperação técnica celebrado autonomamente entre  a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento,  Orçamento e Gestão e as associações de Bancos e Previdência (ABBC e  SINAPP). Também reitera que não recebeu qualquer quantia da Consist,  direta ou indiretamente.”