03/05/2018 - 13:39
Na maior operação montada nos últimos 15 anos no Brasil para combater a lavagem de dinheiro, segundo a Procuradoria da República no Rio, 33 mandados de prisão contra doleiros foram cumpridos no País e no Uruguai. A Operação “Câmbio, desligo” foi deflagrada nesta quinta-feira, 3, e teve como alvos nomes envolvidos no esquema atribuído ao ex-governador Sergio Cabral (MDB). A PF não participou da divulgação dessa vez, o que causou estranhamento.
Foram 13 mandados cumpridos no Rio, oito em São Paulo, cinco no Rio Grande do Sul, dois em Minas e dois no Distrito Federal. Três pessoas foram presas no Uruguai. Um dos principais alvos, o doleiro Dario Messer, está sendo procurado no exterior. Ele tem cidadanias brasileira e paraguaia. Ainda restam 20 pessoas a serem presas.
As investigações mostraram que os doleiros presos montaram uma rede complexa de crédito e débito de reais e débitos para lavar o dinheiro sujo de seus clientes. Entre eles, Cabral e as empresas JBS e Odebrecht, conforme já mostraram as investigações.
Possivelmente outros políticos e empresas serão implicados futuramente, disseram procuradores, uma vez que há “centenas” ou “milhares” de contas no exterior a serem identificadas. Segundo as investigações, foi movimentado mais de US$ 1,6 bilhão entre os anos de 2008 e 2017. Pelo menos cerca de US$ 100 milhões seriam de Cabral.
Os dois delatores do esquema, Vinicius Claret e Cláudio Barboza, serão soltos nesta quinta-feira. Eles ficaram presos por 1 ano e 2 meses e agora terão outras restrições de liberdade previstas no acordo que firmaram.
Os procuradores da República Eduardo El Hage, coordenador da Lava Jato no Rio, e Rodrigo Timóteo comentaram a ausência da PF na entrevista coletiva em que foram explicados os caminhos das investigações até os doleiros. A maior parte dessas entrevistas se dá no prédio da PF, na zona portuária do Rio; a desta quinta-feira foi na sede da Procuradoria, na mesma região central.
“Tivemos a colaboração da PF do Rio, SP, DF, RS e MG e a Receita Federal ajudando a analisar os dados. É um trabalho nosso em conjunto com todos eles. Não tem por que alfinetar (a PF). É a decisão de cada órgão. Tomamos a nossa. Cabe vocês perguntarem a eles”, disse Timóteo aos jornalistas.
Surpreendido pela ausência – uma decisão da PF em Brasília, e não da superintendência no Rio – El Hage afirmou que as coletivas são como prestações de contas de servidores públicos à sociedade. A PF não explicou ainda por que não estava presente na divulgação dos resultados da operação.
Segundo El Hage, a “Câmbio, desligo” foi a maior contra lavagem de dinheiro desde a do Banestado, deflagrada em 2003, e que teve como alvo o doleiro Alberto Yousef. Dela se originam as investigações que culminaram na Lava Jato, iniciada em 2014.