Dois anos após o início da pandemia, medicamentos com eficácia comprovada contra a Covid-19 ainda não estão incorporados pelo Sistema Único Saúde (SUS). Em hospitais privados, alguns remédios aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a doença já são colocados à disposição dos pacientes.

Os destaques dessa categoria são os medicamentos desenvolvidos pela Pfizer e Astrazeneca. Os tratamentos já mostraram que podem fazer diferença quando ingeridos após os primeiros sintomas. O Evusheld, da Astrazeneca, apesar de já estar aprovado pela Anvisa ainda não está disponível para comercialização no País e não tem cobertura para o uso ambulatorial e domiciliar pela Agência Nacional de Saúde (ANS), que regula os planos de saúde.

Já o Paxlovid, da Pfizer, que estava sendo avaliado pela Anvisa desde fevereiro, teve sua autorização liberada pela agência nesta quarta-feira (30). “O período para que Paxlovid esteja disponível no Brasil dependerá do andamento das negociações com o Ministério da Saúde para um possível acordo de compra”, informa o comunicado da Pfizer.

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Um medicamento que espera a aprovação da Anvisa é o Molnupiravir, da Merck Sharp & Dohme (MSD). Conforme painel da agência, 53% da documentação teve a análise concluída, 41% está em análise e 5% ainda está pendente de complementação. Em nota, a MSD informou que teve novas informações solicitadas pela agência há cerca de duas semanas e está compilando os dados para reenviar à agência.

Para o professor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP) Adriano Andricopulo, o Molnupiravir e o Paxlovid seriam opções importantes para o tratamento inicial da doença. Para além deles, remédios como Sotrovimabe (GSK), Regdanvimabe (Celltrion) e Evusheld (Astrazeneca) também poderiam gerar resultado. Por fim, nos casos graves e com risco de morte, ele reforça que o uso de anticorpos monoclonais como Tocilizumabe ou Baricitinibe seriam úteis.

Os remédios para a covid se dividem em duas frentes: a das pílulas antivirais de via oral, que podem ser efetivas quando administradas no início dos sintomas, e a dos anticorpos monoclonais, que simulam a proteção conferida pela vacina em diferentes estágios da infecção e correspondem à maioria dos remédios aprovados pela Anvisa. Confira qual a situação de cada medicamento no Brasil:

Em avaliação:

Molnupiravir

Pílula antiviral de via oral desenvolvida pela Merck Sharp & Dohme (MSD) em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics. Também não tem aval da Anvisa, mas já é usada em outros países.

Aprovados pela Anvisa:

Paxlovid

Pílula antiviral de via oral produzida pela Pfizer. Acabou de ser aprovado pela Anvisa, mas é uma das apostas para controlar a covid em estágio inicial. O medicamento é indicado para adultos que tenham testado positivo para a Covid-19 e apresentem alto risco de progressão para casos graves, incluindo hospitalização ou morte.

Evusheld

Coquetel de anticorpos monoclonais desenvolvido pela AstraZeneca, anteriormente conhecido como AZD7442. Recebeu aprovação da Anvisa em fevereiro, mas não possui estoque no País. A farmacêutica informou que o preço do remédio deve ser definido na próxima semana. Acrescentou estar em contato com o Ministério da Saúde sobre a possibilidade de incorporar o produto no SUS e com alguns grupos hospitalares.

Regdanvimabe

Anticorpo monoclonal produzido pela Celltrion Healthcare. Desenvolvido especificamente para o tratamento da doença, deve ser administrado em até sete dias após o início dos sintomas. Possui estoque no País.

Baricitinibe

Inibidor seletivo produzido pela Eli Lilly. Recebeu parecer inicial favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e está avançando para ser disponibilizado pelo SUS em tratamentos para Covid-19.

Remdesivir

Antiviral injetável fabricado pela Gilead, tem benefício marginal no controle do vírus. Possui custo elevado. Conitec recomendou a não incorporação pela rede pública em setembro do ano passado.

Outros medicamentos aprovados pela Anvisa para tratar a Covid, mas que não foram incorporados para tratamento na rede pública: Sotrovimabe (produzido pela GSK) e Regn-Cov2 (fabricado pela Regeneron em parceria com a Roche). O Xeljanz (Banlanivimabe e etesevimabe), da Pfizer, foi aprovado em abril.