Não importa o que tenta afirmar o ministro da Economia, Paulo Guedes. Contra números restam poucos argumentos. Há algumas semanas o mercado vem notando uma desaceleração antecipada da economia, ainda que alguns setores notassem resquícios positivos do desempenho razoável do terceiro trimestre. E se antes era uma dúvida, os dados de outubro do IBC-Br, índice do Banco Central, confirmam as estimativas. A economia brasileira recuou 0,05% naquele período. Praticamente estável. Mas o indicador, que é considerado uma prévia do PIB, contradiz as estimativas do governo federal, que projetava um avanço de 0,5% no mês.

Com o resultado, esse é o terceiro mês consecutivo sem crescimento do nível de atividade da economia brasileira. Na comparação com outubro do ano passado, o indicador do nível de atividade registrou crescimento de 3,68%. O principal vilão do dado, neste momento foi o setor de serviços, que representa 70% do PIB brasileiro. No mês o setor sentiu um tombo na casa dos 0,6%, puxado em especial pelo consumo das famílias, que vem arrefecendo nas últimas semanas. Na contrapartida, o tradicional bom momento do varejo, em função da convergência de Copa do Mundo, Black Friday e Natal não foi suficiente para inverter o indicador, como era esperado pelo governo. Nas estimativas de Guedes, a ampliação do Auxílio Brasil criaria uma espécie de colchão capaz de reverter uma eventual trajetória ruim da economia no último trimestre.

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Além do setor de serviços, o governo tentava desviar da redução dos preços das commodities e do cenário de incerteza mundial trazida pela guerra e pelo desempenho da China, fatores que reduzem tanto a venda de alimentos quanto de minérios. Agora não existe muito que o governo possa fazer para reverter este dado e os reflexos devem cair direto no colo do futuro presidente Lula e seu já anunciado ministro da Fazenda, Fernando Haddad.