21/07/2025 - 13:45
São Paulo, 21 – O Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia produtiva da soja e do biodiesel pode atingir R$ 820,9 bilhões em 2025, crescimento de 10,91% em relação ao ano anterior, segundo estudo divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Com esse desempenho, o setor deve representar 21,7% do PIB do agronegócio brasileiro e 6,4% do PIB nacional.
A projeção se baseia na expectativa de uma safra recorde de 169,7 milhões de toneladas de soja, conforme estimativa da Abiove, e na ampliação do processamento interno da oleaginosa. “O forte crescimento é devido ao avanço da produção, que deverá alcançar o recorde de 169,7 milhões de toneladas”, registra o relatório. Segundo o Cepea, aumentos de área e produtividade, condições climáticas favoráveis e maior uso de tecnologia explicam o desempenho estimado para o ano.
Dentro da porteira, o PIB da soja deve avançar 24,11%. A agroindústria deve crescer 3,21%. O segmento de agrosserviços mostra alta de 8,24%, e o de insumos, de 3,17%. “Com a ampla oferta do grão e as demandas firmes pelos derivados, o esmagamento deve crescer no ano, segundo a Abiove”, informa o documento.
O segmento de biodiesel também reforça o desempenho positivo da cadeia. “Para o biocombustível, as perspectivas para as revisões das estimativas nos próximos trimestres se tornaram positivas, considerando a aprovação do B15 em 25/06/2025 pelo CNPE (que entrará em vigor em 1º de agosto)”, afirma o estudo. A decisão do Conselho Nacional de Política Energética encerrou o período de suspensão temporária nos aumentos da mistura obrigatória ao diesel.
Em termos de agregação de valor, o processamento da soja é responsável por um retorno significativamente maior à economia do que a exportação in natura. “O PIB total gerado por tonelada de soja produzida e processada (R$ 9.430) poderá representar 4,36 vezes o PIB gerado quando a soja for produzida e exportada diretamente (R$ 2.160)”, aponta o levantamento.
No mercado de trabalho, a cadeia registrou 2,44 milhões de pessoas ocupadas no primeiro trimestre de 2025, alta de 7,46% frente ao mesmo período de 2024. O setor responde por 10,40% da força de trabalho do agronegócio brasileiro e por 2,38% da população ocupada do país. “Apresentou incremento de 23.031 pessoas ocupadas, acompanhando a expansão da área e da produção do grão”, diz o estudo sobre o segmento primário.
Os agrosserviços foram responsáveis pelo maior crescimento absoluto, com aumento de 142.548 pessoas. “Apresentaram aumento de 142.548 pessoas ocupadas, respondendo ao aumento de produção e processamento de soja, que gera demanda por agrosserviços”, destaca o relatório.
Na agroindústria, houve redução de 2,48% no total de empregados, resultado da queda no subsegmento de esmagamento e refino, que perdeu 7.367 postos de trabalho. Em contrapartida, os segmentos de rações e biodiesel registraram crescimento de 14,83% e 1,60%, respectivamente, contribuindo para conter a retração.
No comércio exterior, o volume exportado pela cadeia somou 27,91 milhões de toneladas no primeiro trimestre, alta de 1,15% ante igual período de 2024. O valor, porém, recuou 11,46% e totalizou US$ 11 bilhões, pressionado pela queda nos preços médios de exportação. A soja em grão foi embarcada a US$ 392,03 por tonelada, recuo de 11,12%. O farelo foi exportado a US$ 351,79 por tonelada, queda de 24,85%. Já o óleo de soja subiu 6,93%, para US$ 1.026,65 por tonelada.
“Mesmo com a demanda global aquecida, os preços de exportação da soja caíram. Isso, devido à perspectiva de safra global recorde em 2024/25, com estoques elevados impulsionados principalmente pelas colheitas do Brasil, EUA e Argentina”, explica o relatório. A China manteve-se como principal destino, com 16,9 milhões de toneladas adquiridas no trimestre, crescimento de 6,7%.
As exportações de farelo tiveram como principais destinos a União Europeia e o Sudeste Asiático. No caso do óleo, a Índia foi responsável por 67,74% do volume exportado pelo Brasil no primeiro trimestre.
Para o PIB-renda, que incorpora a variação dos preços, a estimativa aponta avanço de 18,24% em 2025, revertendo três anos consecutivos de queda. “A estimativa atual aponta crescimento de 18,24% na renda da cadeia da soja e do biodiesel em 2025, revertendo uma sequência de três anos consecutivos de queda entre 2022 e 2024”, destaca o documento.
O Cepea observa que o comportamento dos preços no segundo trimestre pode causar impacto nas próximas estimativas. “As estimativas de variação da renda ao longo do ano dependerão principalmente da dinâmica dos preços, mas também de mudanças nos volumes de processamento”, conclui o relatório.